O empresário e apresentador de televisão Roberto Justus anunciou neste domingo (28), através de um artigo escrito por ele e publicado na Folha de S.Paulo, que não será candidato à Presidência da República em 2018. O paulista de 61 anos disse que gostaria muito de enfrentar as urnas e que “seria uma honra” governar o Brasil, mas esse sonho acaba quando ele pensa na “dinâmica da política” do país.
“Esse sonho se dissolve diante de uma realidade que não se pode ignorar: a dinâmica da política atual é complexa e exige pessoas com um tipo de temperamento muito diferente do meu. Sou transparente e espontâneo até demais. Falo o que penso. Não tenho apetite por engolir sapos ou disposição para abrir mão do que acho certo. Não gosto de ‘jeitinho’ e conchavos”, disse Justus, acrescentando que não gostaria de fazer alianças por obrigação ou interesse caso estivesse no poder.
“Hoje, só os pragmáticos conseguem resultados porque aceitam fazer concessões e negociam apoio para seus projetos por meio de alianças”, contextualizou.
Justus ainda classificou o ambiente de Brasília como “trágico” e “degradado”.
“É trágico que o ambiente político esteja tão degradado porque a política e as instituições democráticas ainda são a melhor maneira de colocar as pessoas no centro de tudo”, reclamou o ex-marido de Ticiane Pinheiro.
Outro fator que contribuiu para o fim do sonho dos fãs de Justus de vê-lo no Planalto foi o posicionamento partidário em Brasília.
“Hoje, para que um candidato fora do mundo político possa se eleger, ainda precisa se associar a partidos com grande estrutura que, muitas vezes, têm interesses diferentes dos que considero corretos ou prioritários. Além disso, precisa abrir mão de muitas convicções para aceitar as regras do jogo”.
Ele finaliza o texto oficializando o seu posicionamento com convicção.
“Posso dizer com tranquilidade que penso em não concorrer, não por medo de enfrentar uma campanha, mas pela grande possibilidade de, mesmo eleito, acabar não conseguindo espaço para governar de acordo com minha visão”, disse Justus, apontando ainda que a salvação da política são os empresários no poder, como foi em São Paulo com Doria, e nos Estados Unidos com Trump.
“Basta ver o recado das urnas em São Paulo: as pessoas querem gestores, gente sem passado político e com projetos capazes de trazer mais oportunidades. Provavelmente a vitória de candidatos com perfil de gestor aqui e nos EUA foi o que fez com que as pessoas vissem em mim possível pré-candidato à Presidência. (…) Perdi muitas horas de sono pensando se deveria ou não me candidatar. O resultado dessa reflexão, pelos motivos expostos acima, é que não sou candidato à Presidência”.