Em carta aos bispos, Papa pede ‘tolerância zero’ com pedofilia


O papa Francisco enviou uma carta aos bispos de todo o mundo em que pede a proteção de crianças e para que “o sofrimento, a história e a dor dos menores que foram abusados sexualmente por sacerdotes” não sejam esquecidos. Ele ainda pediu “tolerância zero” aos religiosos.


“Escutar o choro das crianças significa também escutar o choro e o lamento de nossa mãe Igreja, que chora não só pela dor causada em seus filhos mais pequenos, mas também porque conhece o pecado de alguns de seus membros. Pecado que nos causa vergonha.


Pessoas que tinham a responsabilidade de cuidar destas crianças, destruíram a dignidade delas”, escreveu o Papa.


No documento enviado no dia 28 de dezembro, dia dos Santos Inocentes, Jorge Mario Bergoglio pede “coragem para proteger a infância dos novos ‘Herodes’ dos nossos dias, que roubam a inocência de nossas crianças”. O Pontífice referia-se ao rei que mandou matar todos os primogênitos de Belém após o nascimento de Jesus Cristo.


“Hoje, na lembrança do dia dos santos inocentes, quero que renovemos todo o nosso empenho para que essas atrocidades não ocorram mais entre nós. Que encontremos a coragem necessária para promover todos os meios necessários para proteger de todas as formas as vidas de nossas crianças porque tais crimes não podem mais se repetir”, disse ainda.


No texto, o líder da Igreja Católica explicita o tema da defesa da infância, do qual falou muito durante a messa da noite de Natal. Ele lembrou ainda a “inocência perdida sob o peso do trabalho clandestino e escravo, sob o peso da prostituição e da exploração”.


“Uma inocência destruída pelas guerras e pela imigração forçada com a perda de tudo que isso possa significar. Milhares de nossas crianças caíram nas mãos de bandidos, de máfias, de mercadores da morte, que fazem como única coisa ganhar e explorar as suas necessidades”, acrescentou.


O Pontífice ainda acrescentou alguns dados divulgados por entidades internacionais, como o Unicef, que aponta que “75 milhões de crianças, por causa das emergências e das crises prolongadas, precisaram interromper seus estudos”. Ele ainda usou o dado de que 68% de todas as pessoas alvos de tráfico sexual em 2015 eram crianças e que 150 milhões delas trabalham.


“Segundo o último relatório do Unicef, se a situação mundial não mudar até 2030 serão 167 milhões de crianças que viverão em extrema pobreza, 69 milhões de crianças com menos de cinco anos que morrerão entre 2016 e 2030 e 60 milhões de crianças que não frequentarão a escola primária”, concluiu.


Desde que assumiu o comando da Igreja Católica, em 2013, Francisco instituiu um comitê para avaliar as denúncias contra religiosos e permitiu o andamento de um processo religioso contra o ex-núncio Jozef Wesolowski acusado de pedofilia. No entanto, o polonês de 66 anos morreu cerca de um mês depois de ficar internado, antes das audiências finais. (ANSA)


 


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