Enquanto escrevo a coluna, Eike Batista encontra-se em lugar incerto e não sabido, embora seus advogados digam que ele está em Nova Iorque, que irá se entregar em breve, mesmo tendo viajado com seu passaporte alemão e passagem só de ida. Ele é considerado foragido pela Interpol e procurado em mais de 200 países.
AMIZADE
Eike Batista é, ou era, amigo dos homens mais importantes da política brasileira dos últimos 20 anos. Já foi o oitavo homem mais rico do mundo e tinha uma varinha de condão que prometia resolver todos os problemas do mundo. Mas, na real, tudo se baseava na velha equação brasileira: empresário + amizade com político no poder + obra + propina = todo mundo se dá bem e o povo se lasca.
ESPERANÇA
Em um mundo onde a informação muda a cada minuto, hoje todos sabem como o sistema funciona e a Lava-Jato nos deu a esperança de que, se as coisas não mudariam por completo, pelo menos algo estava acontecendo. Algo estava mudando. Os poderosos ladrões estavam indo pra cadeia e uma ínfima parte do dinheiro estava sendo devolvido.
VERDADE NUA E CRUA
O pedido de prisão de Eike Batista, sua viagem a Nova Iorque, o passaporte alemão e sabe-se lá mais o quê que o fizeram sumir – pelo menos por uma boa par de horas, já que é possível que ao você ler a coluna ele já tenha sido preso -nos mostra que as coisas mudaram, mas não mudaram tanto assim. Enquanto Eike estiver por aí livre, leve e solto, mesmo com muitos milhões a menos no bolso, a realidade nos joga na cara que no jogo da vida, o gol de placa nem sempre é do craque. Às vezes é do escroque.