Com 16,6 mil casos, Cruzeiro do Sul sofre sem medicamento para malária
Com histórico de casos elevados de malária, o município de Cruzeiro do Sul enfrenta, há aproximadamente dois meses, a falta de Primaquina, um dos medicamentos utilizados para o tratamento da doença.
Até novembro de 2016, a cidade registrou 16,6 mil casos da enfermidade, um acréscimo de 32% em relação às notificações do ano anterior, 12,6 mil. Há mais de 10 anos, a doença se mantém como epidemia no município.
O gerente de Endemias do município, Hélio Cameli, diz que o volume de casos preocupa, mas afirma que o tratamento dos pacientes não tem sido prejudicado pela falta do medicamento. Ele diz ainda não saber quando a Primaquina deve voltar a ser disponibilizada nos postos de saúde de Cruzeiro do Sul.
“Fui informado que o medicamento já está em Brasília para ser enviado para o estado, mas ainda não temos uma data de quando receberemos”, disse. Primaquina e Cloroquina são os medicamentos utilizados para tratar a doença. O primeiro é usado para eliminar os parasitas do fígado do paciente, enquanto o segundo, que continua disponível na cidade, combate os sintomas.
O tratamento feito com os dois medicamentos costuma durar em média sete dias, no entanto, quando utilizada apenas a Cloroquina, pode levar até três meses. Cameli, entretanto, defende a eficácia do tratamento aplicado atualmente.
“Também cura o paciente. Ela [Cloroquina] atua na corrente sanguínea, eliminado os sintomas como febre, dor e enjoos. É mais demorado, mas também é eficaz. É o mesmo [tratamento] que sempre realizamos nas mulheres grávidas”, salienta.
O funcionário Público Mauri Barbosa, porém, não quis arriscar e conseguiu Primaquina com um amigo de outro estado para se tratar. “Esperei por mais de três horas para receber o resultado e quando foi confirmado, me informaram que não tinha remédio para o tratamento. Graças de Deus um amigo meu tinha o medicamento que trouxe do Amazonas e deu para me tratar. Isso é falta de compromisso das pessoas responsáveis pelo setor”, critica.
Aumento de casos
Além da falta de medicamento a população se preocupa com o aumento dos casos de malária. De acordo com Cameli, o aumento é esperado para o período do ano, mas reconhece problemas que podem ter contribuído para a situação.
“Este ano tivemos alguns entraves que provocaram a descontinuidade das ações de combate, como o número de tanques e açudes que foram abertos, mas não estão com alevinos. Teve atraso no fornecimento de combustível e agora tivemos a falta de um dos medicamentos”, finaliza.
A última grande epidemia de epidemia de malária em Cruzeiro do Sul ocorreu no ano de 2006, quando foram registrados mais de 45 mil casos da doença na cidade.