Freddy Bonilla, secretário de Segurança Aérea da Colômbia, confirmou na noite desta terça-feira que o avião da Lamia Corporation, de fabricação britânica, não tinha combustível no momento do impacto. Em coletiva á imprensa, a autoridade colombiana detalhou o diálogo desesperado entre o comandante da aeronave a a Torre Rio Negro, do Aeroporto Internacional de Medellin.
“O Controle de Tráfego Aéreo autorizou a aproximação após um comunicado de que não havia mais combustível. Dois minutos após, foi declarada emergência. Cinco minutos após, o avião informa falha elétrica total, e faz novo apelo por emergência. Neste instante, a aeronave estava a 9 mil pés (mil pés abaixo do normal). Foi quando perdemos contato total via radar”, disse. O avião deveria ter combustível de reserva suficiente para voar pelo menos 30 minutos além do seu destino, para que pudesse chegar a um aeroporto alternativo.
Ao todo, 24 peritos, sendo dois britânicos, estão envolvidos na análise das gravações de voz e dados das duas caixas pretas. Um outro, da Anac, a Agência Nacional de Aviação Civil brasileira, é aguardado para compor um grupo de trabalho que irá produzir um relatório. As condições de decolagem e pouso eram ótimas, segundo as autoridades colombianas.
Carlos Camacho, especialista brasileiro em acidente aéreo, diz não haver dúvidas de que o avião caiu por “pane seca”. A culpa é total do comandante, Miguel Quiroga, diz ele, “a quem cabe elaborar plano de voo e acompanhar o tanqueamento do avião. Isso é absolutamente contra as regras internacionais. O comandante era dono da empresa Lamia. Muto provavelmente, ele tomou a decisão de viajar com combustível no limite baseado em critérios financeiros, não levando em conta a segurança dos passageiros e tripulantes”, opinou Carlos Camalho em entrevista à Globo News, por volta de 19.30h (hora Acre).
era Boliviano, mas teria pedido a nacionalidade brasileira pois a esposa e os três filhos, dois deles acreanos, moram no município de Epitaciolândia no interior do Acre.
Segundo o site do jornal “O Estado de S. Paulo”, a empresa foi criada depois de um acordo com o governo de Hugo Chávez para impulsionar o setor aéreo do país. Registrada como uma companhia de ciência e tecnologia, foi beneficiada com a influência do governo chavista para levantar dinheiro junto a um fundo de investimento criado pelo governo chinês para estimular a economia venezuelana. Foi quando, em janeiro de 2015, o magnata Ricardo Albacete Vidal, sócio majoritário, desistiu de trabalhar no país e transferiu suas aeronaves para a Bolívia, criando a LaMia Bolívia, em sociedade com Miguel Quiroga, piloto que já voava como instrutor na escola de aviação Aerodinos. Quiroga era o comandante do avião da LaMia que caiu na Colômbia. Ele não sobreviveu ao acidente. O piloto tinha 36 anos, era genro do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina.