No AC, refém usa o Facebook para avisar sobre assalto em casa de amiga

postagemVítima de uma tentativa de assalto, a bióloga Maíra Camillo, de 29 anos, usou o perfil do Facebook, na noite de quarta-feira  (2), para avisar à imprensa que estava sendo mantida refém na casa da amiga, a designer de moda Manoela Paim.


Além das amigas, mais duas pessoas ficaram presas dentro da casa, no Conjunto Castelo Branco, em Rio Branco.


A mensagem, segundo Maíra, foi uma exigência dos próprios assaltantes.


“Eles estavam pedindo pela imprensa que não vinha. Então pediram para eu ligar o computador e mandar mensagem. Disse que não dava para mandar mensagem pelo computador, só se eu fizesse uma postagem no Facebook. Liguei o computador na frente deles e escrevi. Não queriam que a polícia batesse neles. Diziam que se não tivesse ninguém lá, a polícia ia ‘meter bala’, levar para o ramal para bater. Eles exigiam isso para a segurança deles”, relata.


Otávio de Holanda, Elison de Lima, ambos de 22 anos, e Eduardo Freitas da Silva, de 19, se entregaram após duas horas e meia de negociação com a Polícia Militar. Um menor, de 17 anos, foi apreendido e encaminhado para a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca).


O tenente-coronel da PM-AC e especialista em negociação de crise com reféns pelo grupo de ações táticas da PM de São Paulo, Giovane Galvão, disse ao G1 que é normal os criminosos solicitarem a presença da imprensa e até mesmo dos Direitos Humanos no local por medo de represália, pois temem pela própria vida e precisam de garantias.


“No entendimento imaginário deles, se a imprensa estiver filmando a gente não vai bater. Não era preciso ter pedido a imprensa ou Direitos Humanos. É normal, não batemos, até porque estavam o subcomandante da PM e do Bope que não permitiriam isso. Agiram dentro da boa técnica e atitude 100% acertada”, destaca.


Além da imprensa, os assaltantes pediam a presença de advogados e familiares. Maíra diz que os criminosos pareciam tranquilos, mas que ainda puxaram o cabelo dela e deram uma coronhada.


“No começo estavam mais nervosos, mas, quando perceberam que estavam cercados, ficaram tranquilos. Puxavam no cabelo para a gente não olhar. Fui andar e levantei a cabeça automaticamente e ele puxou meu cabelo e me deu a coronhada”, relembra.


A bióloga diz ainda que enviou a exigência dos assaltantes para vários veículos de comunicação locais, mas não obteve resposta. Sem saber o que fazer, Maíra postou na página de uma amiga jornalista. A vítima fez várias publicações também na própria página, mas diz ter apagado na manhã desta quinta-feira (3).


“Algumas pessoas falaram que fiz isso para aparecer ou algo do tipo. Não tiveram a sensatez de levar em consideração estávamos em um  momento tenso, que era a exigência deles e eu iria fazer tudo que pedissem”, explica.


Sobre os momentos tensos, a jovem disse que a postura dos criminosos se alterava constantemente, pois achavam que a polícia entraria pela parte de trás da casa. A bióloga e a amiga Manoela foram as últimas a serem liberadas pela quadrilha. O irmão da designer e a namorada dele foram liberados durante a negociação.


“Dá muito medo porque é muito imprevisível. Eles estavam tranquilos, mas a qualquer momento o humor deles podia mudar e estavam armados. Quando ouviam algum barulho ficavam agitados”, conclui.


O delegado Valdinei Soares da Costa, que investiga o caso, informou que os criminosos foram indiciados pelos crimes de roubo tentado, sequestro e cárcere privado, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, associação criminosa armada e corrupção de menores. Segundo ele, o bando se recusou a falar sobre o caso.


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