Um menino de três anos, dois adolescentes, de 16 e 17, além de três mulheres e um homem foram feridos por balas de borracha disparadas por policiais militares durante uma ocorrência no bairro do Remanso, em Cruzeiro do Sul, interior do Acre. O caso ocorreu no último sábado (5) e deve ser apurado pela Polícia Civil.
A Polícia Militar foi acionada por vizinhos por causa do volume do som em uma casa onde ocorria uma festa.
“A polícia chegou e pediu para meu marido descer. Ele estava comemorando o aniversário e se recusou, os policiais saíram e retornaram com o COE [Comando de Operações Especiais] e, como meu marido não desceu, eles subiram já atirando. Ele caiu na varanda e quando tentou entrar em casa os policiais invadiram”, conta Maria Flávia do Nascimento, dona da casa onde ocorria o evento.
A mulher diz ainda que estava com o filho de três anos no colo. “Atiraram em mim. A bala pegou no pé do meu filho e no meu joelho. Bateram bastante em meu marido e nas pessoas que estavam aqui, inclusive em mim. Quero que estes policiais sejam punidos”, pede Maria Flávia.
Procurado pelo G1, o comandante em exercício do 6º Batalhão da Polícia Militar, Eduardo Moura, defendeu a ação dos militares. “Um oficial acompanhou a ocorrência. A ação foi normal, toda ação merece uma reação. Tudo foi devido à reação do dono da residência. Numa casa de família não é normal ter bebedeira, armas, drogas e pessoas que não atendem a ordem policial”, afirma.
Um dos participantes da festa, Francisco Ailton Oliveira, de 19 anos, que teve o nariz quebrado após um chute diz ter sido ameaçado de morte pelos PMs.
“Eles já chegaram agredindo todo mundo. Estava deitado e fui retirado de cima da cama. Jogaram-me no chão e um deles deu um chute no meu rosto que quebrou meu nariz. Nunca fiz nada contra nenhum policial. Teve um que disse que onde me pegasse me mataria, que daria um tiro na minha cara. Não tenho nenhuma passagem pela polícia, nunca fiz mal a ninguém”, lamenta.
Cinco pessoas acabaram presas e conduzidas para a delegacia. O dono da casa acabou indiciado por perturbação do sossego, resistência à prisão e por servir bebidas alcoólicas a menores.
O delegado Lindomar Ventura investiga o caso e indiciou criminalmente o dono da casa. “Todos os ouvidos reclamaram da ação policial. Não posso dizer que houve excesso. Orientei as pessoas que se sentiram prejudicadas a fazerem os exames necessários e procurar o comando do órgão para esclarecer essa ocorrência”, finaliza.