Seu Germano Luiz, de 79 anos, preparava-se para almoçar, ao meio-dia desta terça-feira, quando sentiu uma sensação de tremor. Não era abalo sísmico, mas, sim, a sua casa que desabava sobre sua cabeça. Desesperado, o homem, que mora sozinho, buscou a porta de saída, e foi atingido por uma pernamanca.
O golpe, de raspão, não preocupa, mas a angústia é evidente no semblante do idoso, que está inscrito há seis anos no Programa Minha Casa, Minha Vida, da Secretaria de Habitação do Estado.
A residência, em madeira bastante deteriorada, cedeu à infiltração e à erosão causada pelo Igarapé Fidêncio, no Loteamento Altamira, Bairro Placas.
As águas, misturadas a dejetos humanos, de acordo com promessas do governo, deveriam ser canalizadas por uma galeria. “A promessa ficou só no papel. Pegaram meu nome, fizeram meu cadastro, mas Nunca me tiraram daqui. Eu moro no que é meu, e essa casa própria que me prometeram não é nenhum favor, pois eles (o governo) disse que precisava do meu terreno para fazer uma obra melhor para o bairro”, conta Germano Luiz. “Na hora do sufoco, me senti um verme. Achei que seria o meu fim. Isso ia acontecer um dia. Nem estava chovendo, nem ventando”, concluiu o homem, que dormiu na casa de uma filha e não pode voltar para sua residência.
A última visita dos assistentes sociais da Secretaria de Habitação ocorreu dias antes das eleições de outubro. “Perdi as contas das vezes que procurei a Sehab. Parecia um disco furado. Todas as vezes eles disseram que a gente devia ter paciência, pois não tinha casa para o meu pai. Era a mesma conversa na Sehab e na Secretaria de Assistência Social”, diz o filho do idoso, Joel Nascimento da Silva.
“Sé aparece gente pra trabalhar aqui em época eleitoral. Muita publicidade, muitos operários uniformizados, para dar um visual de que os homens estão trabalhando e a prefeitura fazendo alguma coisa. Fomos enganados. Mas isso não vai ficar assim”, disse Jonas.