Ao menos cinco mil pessoas se reuniram, na tarde deste domingo (9) em Rio Branco, para participar do Círio de Nazaré. Durante a celebração católica, os fiéis foram chamados ainda para fazer uma oração pelas vítimas do furacão Matthew, que segundo estimativas, já matou quase 900 pessoas durante passagem pelo Haiti.
Com o tema ‘Maria de Nazaré, Mãe da Misericórdia’, o Círio iniciou na Gameleira, onde a imagem de Nossa Senhora de Nazaré chegou em uma embarcação, e seguiu até a catedral no Centro de Rio Branco.
O padre Mássimo Lombardi destacou que as orações pelas vítimas foram um pedido do Papa Francisco. Lombardi acrescentou também que esse ano a festa religiosa completa 84 anos no Acre. Para ele, o momento é de pedir a paz mundial, perdão e reconciliação.
“O papa pediu muitas orações para as populações, sobretudo do Caribe atingida pelo furacão. Teve muita morte e destruição. A gente acompanha todos os eventos mundiais e pedimos ao nosso Senhor que alivie tanto sofrimento e ajude todo o planeta terra a ser mais unido na solidariedade. O que acontece em um lugar, também tem influência sobre outro, então, o mundo é uma casa comum”, disse.
Lombardi lembra ainda que o Acre abrigou vários imigrantes, sendo a maioria de origem haitiana, desde 2010, após um terremoto na ilha. “É para que haja sentimento de misericórdia, reconciliação e claro que pedimos por esses nossos irmãos que estão sendo atendidos. Acolhemos mais de 30 mil haitianos e agora outros estão sofrendo”, lamentou.
Promessas
A celebração do Círio foi também uma oportunidade para que os fiéis católicos fizessem demonstrações de fé.
A estudante Maria de Nazaré, de 23 anos, conta que nasceu prematura e por isso a avó dela fez uma promessa, se a menina sobrevivesse receberia o nome da santa. “Fiquei muito feliz quando soube, porque nunca imaginei que alguém faria isso por mim”, conta a jovem que participa da procissão todos os anos como forma de agradecer pela saúde.
Já a costureira Antônia Amorim, de 53 anos, se tornou devota há aproximadamente cinco anos. “Foi uma promessa que fiz para meu pai que estava com pedra na vesícula e ele ficou bem”, diz.
Furacão Matthew
No Caribe, a passagem do Matthew com ventos de até 230 km/h causou grande destruição no Haiti, especialmente na parte do sul do país, que é o mais pobre das Américas. Milhares de casas foram destruídas, e cidades ficaram inundadas. As mortes ainda não foram calculadas, mas estima-se que quase chegam a 900 vítimas.
“Considerando as dificuldades de acesso a certas zonas e, sobretudo, as dificuldades de comunicação, não podemos dar um balanço definitivo antes de quarta-feira (12)”, disse à AFP a diretora de Defesa Civil, Marie-Alta Jean-Baptiste.
Algumas autoridades locais das zonas afetadas estimam que o balaço oficial, de 336 mortos, é subestimado. Segundo o senador Hervé Fourcand, o furacão Matthew causou a morte de pelo menos 400 pessoas no departamento Sul, que ele representa, enquanto que a Defesa Civil só contabilizou 78 mortes neste local.
No Caribe, o furacão também passou pela Republica Dominicana, onde quatro pessoas morreram, por Cuba e pelas Bahamas, de onde seguiu para o sudeste dos EUA.
O furacão Matthew foi rebaixado para a categoria de ciclone pós-tropical neste domingo (9), quando atingiu a Carolina do Norte e a Virgínia com um reduzido mas ainda potente impulso, causando inundações e interrupções generalizadas no fornecimento de energia ao longo da costa do Atlântico nos Estados Unidos.