O governador do Acre, Tião Viana, disse que ingressou na Justiça contra as pessoas que o acusaram de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (5), logo após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) arquivar a investigação da Lava Jato que tinha Viana como alvo.
Desde março de 2015 o governador acreano era investigado por suspeita de ter recebido R$ 300 mil para sua campanha ao Senado em 2010 por meio da empresa Iesa Óleo e Gás, uma das fornecedoras da Petrobras.
Nesta quarta, os 15 ministros da Corte Especial do STJ seguiram a recomendação feita em fevereiro pela Procuradoria Geral da República (PGR) para que o inquérito sobre o governador acreano fosse arquivado.
“Já entrei na Justiça contra todos que me caluniaram nesse e outros processos. Enfrentei a última eleição defendendo minha inocência”, disse Viana durante coletiva na Casa Civil, em que foi acompanhado da mulher, Marlúcia Cândida.
O governador disse ainda que o acolhimento da denúncia havia sido uma injustiça e fez críticas aos pré-julgamentos. “Não podemos admitir como normal uma sociedade que primeiro condena, depois trata com indiferença antes de ouvir a defesa. O que houve foi uma condenação antecipada. É preciso rever isso”, salientou.
Viana finalizou comemorando o resultado. “A sensação é de alegria no coração, de dividir isso com as pessoas que me conhecem e sabem como trabalho no exercício da função. No caso, foi devolvido o que era meu, minha honra e dignidade”, enfatizou.
Entenda o caso
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que repassou R$ 300 mil à campanha eleitoral dele. Na agenda do ex-diretor, apreendida pela PF, consta a inscrição “0,3 Tvian” que, segundo Paulo Roberto, é a referência ao pagamento à Tião Viana.
Em sua defesa, Viana afirmou que a doação foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral do Acre e “não tem nada de ilegal”.
No pedido de arquivamento, da PGR, a então vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, reconhecia a ligação entre o repasse e o esquema de corrupção na Petrobras, mas não encontrou provas de que Tião Viana soubesse que o dinheiro doado tinha relação com os desvios na Petrobras.
Sobre a investigação do governador do Acre, a Procuradoria entendeu que o controle do dinheiro ilegal era da direção do PT, que se responsabilizou pela divisão do que foi arrecadado, destinando uma parte à campanha de Tião Viana ao Senado.