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Ao menos 47% de Rio Branco não possui esgoto tratado, diz Depasa

esgotoDados do Departamento Estadual de Água e Saneamento (Depasa) mostram que ao menos 47% da cidade de Rio Branco não possui rede de esgoto tratado. O levantamento mostra ainda que o esgoto é tratado por quatro Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), além de Estações de Tratamento Compactas e Soluções Individuais Particulares (fossas filtros).


O Depasa explica que as ETEs despejam, em média, de 20 a 55 litros por segundo nos igarapés São Francisco e Judia. Os dados mostram também que existem 70 estações compactas distribuídas pela capital acreana, porém, não há detalhamento do percentual despejado.


Um desses moradores que não possui esgoto tratado é o pedreiro Jorge Oliveira, de 48 anos. Ele diz que mudou-se há três meses para a Rua Francisco Sales, no bairro Canaã, região do Segundo Distrito da capital acreana, e vai precisar abrir uma fossa para depositar o esgoto da casa.


“A água aqui é péssima também, muito ruim. A maioria dos moradores tem poço, mas comprei uns canos, fiz uma instalação puxando água da rua principal. Comprei mais de 20 canos para puxar. Estou construindo e só depois que vou cavar a fossa”, reclama o pedreiro.


Moradora há mais tempo no local, Fátima da Silva, de 29 anos, mora às margens do Igarapé Judia. A dona de casa conta que foi uma das moradores que precisou sair do local quando o igarapé transbordou em abril do ano passado. Fátima improvisou um banheiro no fundo do quintal para as necessidades fisiológicas.


“Não tenho esgoto e nem água. Apenas a luz foi normalizada. Não temos dinheiro para mandar cavar uma fossa porque é caro. Acho que ninguém aqui tem esgoto tratado. Essa casa era do meu cunhado, acho que aqui não é invasão, ele comprou”, relembra.


Mau cheiro
Ao contrário dos moradores do Canaã, que não possuem rede de esgoto, os habitantes do bairro São Francisco sofrem com outro problema: o mau cheiro por causa do esgoto. Na Rua Mário Maia, o caçambeiro Francisco Coelho, de 53 anos, diz ter próximo a casa dele uma das Estações de Tratamento Compactas e Soluções Individuais Particulares (fossas filtros), mas o trabalho na estação não foi concluído.


“O lavatório [fossa filtro] não está funcionando, quando chove o esgoto enche e transborda nos quintais. Fizeram ano passado, no Programa Ruas do Povo. Até agora não resolveram nada”, explica o caçambeiro.


Coelho explica também que a obra iniciou ano passado, no Programa Ruas do Povo, e nega que o esgoto dos moradores despejado no local seja tratado.


“Falta instalar as bombas para filtrar e tratar o esgoto. Era para tratar aqui e descer para o igarapé, mas não é assim. No verão, o cheiro é insuportável, agora o igarapé está cheio, deu uma chuva e melhorou. Daqui vai para o São Francisco e depois para o rio”, ressalta.


Exemplo de tratamento
O diretor-presidente do Depasa, Edvaldo Magalhães, afirma que o percentual de cobertura na rede de esgoto em Rio Branco, de 53%, conforme o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS), representa um dos melhores índices de saneamento da Região Norte. O diretor conta ainda que com a instalação da ETE Redenção, o número de esgoto tratado deve aumentar.


Apesar dos dados repassados pelo diretor-presidente, um levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2014 mostra que quase 80% dos moradores de Rio Branco não possuíam esgoto coletado. Nesse quesito, a cidade foi considerada a 10ª do país com a pior coleta, ocupando a 91º colocação no ranking.


“Estamos fazendo as instalações e, até o final do ano, deve estar funcionando. Lá vai tratar um pouco mais de 20% da cidade. Vai reduzir a quantidade de esgoto não tratado. Claro que dependemos de recursos do PAC,que teve o nível de liberação diminuído por conta da crise, mas acredito que até 2018 conseguimos atingir a meta de esgoto tratado”, diz.


Além da nova estação de tratamento, Magalhães revela que com a conclusão dos trabalhos do Programa Ruas do Povo, ampliação do Sistema de Abastecimento de Água e a instalação da ETE Redenção, o departamento deve tratar, até o final de 2018, 90% da rede de esgoto de Rio Branco.


“Temos um dos melhores índices de tratamento da região Norte. Estamos em primeiro lugar, mas precisamos ampliar”, conclui.


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