Temendo atritos nas tribos, índios da etnia Huni Kuin proibiram a entrada de candidatos a cargos públicos nas eleições municipais de 2016 em aldeias indígenas do município do Jordão, a 462 km de Rio Branco.
O presidente da Federação do Povo Huni Kuin do Acre (FEPHC), Minawá Huni Kuin, disse que a decisão foi tomada por todos os líderes indígenas das aldeias Huni Kuin. Um informativo foi elaborado e divulgado no município através dos meios de comunicação e nas aldeias de Jordão.
A cidade conta com 32 aldeias e aproximadamente 550 eleitores indígenas. Ao todo, Jordão possui 4,7 mil eleitores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O presidente da FEPHC disse ao G1 que a decisão foi tomada por causa de problemas enfrentados pelos indígenas nas Eleições 2012.
“Nas eleições passadas os candidatos vinham dividindo a comunidade, causando grande impacto na relação social dentro das aldeias. Quando acabam as eleições, os candidatos somem e a comunidade continua dividida, sem conseguir se relacionar”, argumentou.
Ainda de acordo com a liderança indígena, a proibição é válida apenas para os candidatos não indígenas. Minawá ressalta que a comunidade tem cerca de três candidatos indígenas concorrendo ao cargo de vereador. Estes, conforme o presidente, teriam sido escolhidos como candidatos da comunidade.
“Nenhum candidato chegou a ir, mas é para evitar. Os líderes se reuniram e chegaram a esse consenso. Os candidatos da comunidade já foram escolhidos”, finaliza.