Erika Cristina de Oliveira e Mariceldo Silva do Nascimento, assessores parlamentares do deputado federal Wherles Rocha (PSDB-AC) foram presos, nesta quinta-feira (15), por suspeita de participação em uma organização criminosa que atua no estado do Acre. As prisões ocorreram pela 1ª fase da Operação Êxodo, que investiga pessoas em conflito com a lei que agiam na prática de roubo, homicídio, tráfico, associação para o tráfico, associação criminosa, além de ataques contra patrimônios no Acre.
A ação ocorreu na capital acreana, Rio Branco, e em Cruzeiro do Sul e prendeu 63 pessoas, sendo sete em Cruzeiro do Sul, no interior do estado, e 56 na capital acreana. Segundo informações da Polícia Civil, Erika e Nascimento são casados e eram responsáveis por organizar reuniões e comandar ataques e outros crimes.
Em nota, o deputado confirmou que a mulher era assessora dele e que desconhecia que Nascimento tinha envolvimento com o crime. “E por fim, o deputado federal major Rocha, policial militar reformado, repele veementemente qualquer intenção de relacioná-lo com ações criminosas”, diz a nota.
“Foi presa uma assessora parlamentar com vínculo formal e um assessor com vínculo informal do deputado federal Rocha. A participação deles está bem delineada na investigação. São integrantes de uma organização criminosa, e fazem parte do alto escalão dessa organização. Inclusive, a própria Erika convocava reuniões e participava ativamente da organização”, disse o delegado responsável pela operação, Alcino Loureiro.
A polícia afirma ainda que a organização criminosa promovia bingos e outros meios para arrecadar dinheiro. Entre os presos estão empresários e assessores parlamentares que teriam participação diretamente com a organização, segundo informações da polícia.
“Foram seis meses de investigação e conseguimos fechar as autorias dos ataques que ocorreram em agosto, a bens públicos e particulares com incêndios. Focamos tanto nas lideranças. Eles faziam até bingos para fortalecer a compra de armas e financiar, inclusive, outros presos e seus familiares”, afirma o delegado.
O secretário de Polícia Civil, Carlos Flávio Portela, afirma que outras operação devem ser realizadas no estado. “A vigilância é permanente. A polícia vai continuar monitorando essas pessoas. O principal objetivo foi alcançado nessa primeira fase. Estamos dando um duro golpe nessa organização”, diz.
O secretario de Segurança Pública do Acre, Emylson Farias, diz que quase 500 pessoas foram presas nos últimos 40 dias em todo o estado por meio das operações. “É uma demonstração forte da união do estado para que a gente faça o combate ao crime. Inúmeras operações e ações estão sendo desenvolvidas”, afirma.
Foram cumpridas 94 medidas judiciais, sendo 63 mandados de prisão e 31 de busca e apreensão. Quem está à frente da operação é a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Decco), em conjunto com o Departamento de Inteligência (DI). Ao menos nove delegados, 150 agentes e dez escrivães de polícia participaram da ação.
Veja a nota do deputado na íntegra:
A respeito da denúncia contra Mariceudo Silva do Nascimento e Érika Cristina de Oliveira Souza, presos nesta quinta-feira (15), acusados de ter envolvimento com o Comando Vermelho no Acre, o deputado federal Major Rocha (PSDB-AC), vem de público esclarecer que:
1 – O casal trabalhou na campanha de 2014 para a Coligação Aliança Por Um Acre Melhor. Sendo que Mariceudo, popularmente conhecido como Ramosflay, alugou um veículo e sua esposa fazia trabalho de panfletagem;
2 – Em 2016, após um incêndio no bar de propriedade dos mesmos, localizado no Novo Mercado Velho, fato amplamente divulgado pela imprensa de Rio Branco, ambos pediram uma ajuda, enquanto se refaziam do prejuízo causado pelo incidente, e foram atendidos com a contratação de Érika Souza, como assessora parlamentar (informação disponível na Transparência da Câmara Federal);
3 – Ao tomar conhecimento da denúncia, foi solicitado o imediato afastamento da assessora, até que se esclareçam os fatos;
4 – Quanto ao marido da mesma, o parlamentar desconhecia qualquer tipo de envolvimento do mesmo com atos ilícitos ou criminosos e o tinha como um trabalhador, pois este era beneficiário de um box em mercado público municipal.
5 – E por fim, o deputado federal Major Rocha, policial militar reformado, repele veementemente qualquer intenção de relacioná-lo com ações criminosas.