De nada valeu o apelo do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para que os senadores deixassem as paixões partidárias de lado e agissem com “isenção”, como “verdadeiros juízes”. “Assaltante de aposentado”, “cheirador”, “sujo falando do mal lavado”, “canalha”. Essas foram apenas algumas das expressões utilizadas pelos parlamentares nas primeiras horas do julgamento do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Em algumas ocasiões, Lewandowski teve de intervir de maneira mais abrupta. “Calma, quem decide aqui sou eu. Desculpem”, disse o ministro ao interferir em uma discussão entre os senadores Jorge Viana (PT-AC) e Simone Tebet (PMDB-MS).
Veja frases que marcaram o início do julgamento de Dilma no Senado:
“Os parlamentares congregados nesta Casa de leis transmudam-se, a partir de agora, em verdadeiros juízes, devendo, em consequência, deixar de lado, o tanto quanto possível, pois afinal são seres humanos, suas opções ideológicas, preferências políticas e inclinações pessoais.”
Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo no início da sessão
“Aqui não há ninguém com condições de acusar ninguém, nem de julgar. Por isso, dizemos que é uma farsa. Qual é a moral deste Senado para julgar a presidente da República?”
Gleisi Hoffmann (PT-PR)
“Não sou assaltante de aposentado.”
De Ronaldo Caiado (DEM-GO) para Gleisi
“Você é. E você é de trabalhador escravo.”
De Gleisi para Caiado
“Canalha. Sua ligação é com o Carlinhos Cachoeira. Demóstenes é que sabe da sua vida.”
De Lindbergh para Caiado
“Tem que fazer antidoping. Fica aqui cheirando não.”
De Caiado para Lindbergh
“Eu nem sou do PSDB, nem sou do PMDB, mas aqui é o sujo falando do mal lavado, é a lata e o lixo.”
Magno Malta (PR-ES)
“Esta aqui é uma Casa política. Neste momento, esta não é uma Casa política. Nós somos juízes. Os juízes não podem negociar com as partes. Eu sei que há uma pressa desse Presidente interino Michel Temer, uma pressa gigantesca de acabar logo com este processo. Ele fala que é pela viagem à China. Na nossa avaliação, não é por isso. É medo das próximas delações.”
Lindbergh Farias
“Quer dizer que o Presidente do Senado tem que dar satisfação com quem ele jantou, com quem ele almoçou? Senador Lindbergh, quantas vezes o senhor almoçou com Dilma? O senhor é juiz! Quantas vezes o senhor se reuniu com Dilma?”
De Magno para Lindbergh
“Tem sido essa a estratégia de procrastinação, de retardamento, de chicana, que vem sendo feita desde a instauração deste feito por parte da Defesa, que, a rigor, até o presente instante não conseguiu apresentar a defesa, e, sim, meras desculpas.”
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
“É preciso serenidade. Não é adequado ouvirmos aqui de um determinado senador ou senadora que esta Casa não tem autoridade para fazer o que está fazendo. Tem, sim! Estamos todos nós aqui investidos na condição de juízes; temos autoridade, legitimados pelo voto que tivemos, para fazê-lo.”
Aécio Neves (PSDB-MG)
“A defesa quer protestar veementemente contra o uso da expressão ‘chicana’, no que diz respeito à atuação processual que temos feito. O devido processo legal e o direito de defesa estão consagrados nos arts. 5º, 54 e 55 da Constituição Federal. Em nenhum momento, a defesa utilizou qualquer medida procrastinatória.”
José Eduardo Cardozo, advogado de Dilma
“O Dr. Miguel Reale Júnior é filiado ao PSDB. O coordenador jurídico do PSDB é subscritor da denúncia, assim como o Dr. Miguel Reale Júnior. A Drª Janaína Paschoal foi contratada pelo PSDB. Recebeu R$45 mil para elaborar a denúncia.”
Fátima Bezerra (PT-PE)
“Eu sou uma advogada. Se tivesse sido contratada para oferecer esta denúncia recebendo por isso, não teria nenhuma vergonha em dizer que isso aconteceu (…). Peço aos parlamentares que vêm me ofendendo reiteradamente nesta Casa cessem com as inverdades.”
Janaína Paschoal, advogada da acusação
“Calma! Quem decide sou eu. Desculpem, desculpem, desculpem.”
Lewandowski, ao intervir em discussão entre Jorge Viana (PT-AC) e Simone Tebet (PMDB-MS)