A vida da jovem Tainá Lima, de 18 anos, e de seus dois irmãos mais novos, de 9 e 15, mudou completamente no final de junho deste ano, após a morte da mãe, Taita Gomes, de 35 anos, com um tiro na cabeça disparado pelo pai, Francisco de Assis, de 41 anos. Quase dois meses depois, o perdão ainda é um sentimento muito distante para a filha.
Taita morreu em uma chácara em Senador Guiomard, interior do Acre, na frente do filho de 9 anos. O casal estaria discutindo quando o homem atirou contra a esposa. Ele tentou se matar com um tiro na nuca. Apesar de se entregar dois dias depois do crime, Assis foi preso na segunda-feira (8) em Rio Branco, após ser expedido o mandado de prisão, segundo o delegado Ricardo Casas.
“Do fundo do coração, eu sinto pena dele. Não acho que vai ter perdão agora. Por mais que isso tenha acontecido em um momento de fúria, se ele fosse pai suficiente e dissesse que estaria presente, à nossa disposição, mas não. Não deu R$ 1 depois de tudo, eu que estou correndo atrás. Não tenho fé nele. Só quero distância até acabar esse momento de desânimo”, diz a filha.
Ao G1, o advogado de Assis, Cleverton Souza, afirmou que não deve se pronunciar sobre o caso por enquanto. O homem ainda está preso na delegacia de Senador Guiomard. “Ele foi encontrado em via pública e preso. Agora, está à disposição da Justiça, vai aguardar ser marcada audiência de pronúncia e júri”, informou o delegado.
Tainá conta que, após o ocorrido, precisou de medidas protetivas por temer que o pai se aproximasse dela e dos irmãos. Com a prisão dele, ela diz que se sente aliviada. Segundo a filha, o pai chegou a invadir uma vez a casa onde ela está morando, local onde funciona um restaurante mantido pela mãe dela. Para Tainá, Assis quer os lucros do estabelecimento.
“Por ser meu pai, não queria que acontecesse isso, mas é mais que justo. Assim que foi velado o corpo da minha mãe, eu fiz uma medida protetiva. Ele não podia ter nenhum contato conosco, mas ele quebrou várias vezes a medida. Agora, estou aliviada. Ele quer o restaurante”, acrescenta.
A morte de Taita, segundo a filha, foi pouco tempo antes da data de aniversário, o que tornou a situação ainda pior. “A pior sensação foi ela ter morrido perto do aniversário. Meus irmãos e eu comemoramos no túmulo. Foi difícil porque ela sempre comemorava com barulho, som e bolo”, lembra.
‘Estamos superando devagar’, diz a filha
Tainá está com a guarda dos dois irmãos mais novos. Ela, que passou a tocar o restaurante da mãe, revela que aos poucos a família tem conseguido superar o trauma, mesmo com as lembranças sempre presentes. A tragédia foi responsável, no final das contas, pela perda do pai e da mãe.
“Logo em seguida, todo sábado às 17h batia uma tristeza em nós três. Como eu tinha que ter a responsabilidade de controlar as emoções, eu tinha que ajudar. De vez em quando temos uma recaída, mas estamos superando devagar. Ficamos sem a mãe e o pai”, desabafa.
Emocionada, Tainá diz que todos os objetos do restaurante lembram à mãe. “Às vezes, a gente reclama que a mãe é chata, mas não tem como se queixar. A melhor coisa do mundo é ter uma mãe chata do que não ter nenhuma. Perdi mais que uma mãe, perdi uma amiga. Ela era tudo para mim”, acrescenta.