A casa de uma das testemunhas da Operação Lares foi incendiada, na noite de quinta-feira (11), no conjunto Cabreúva, em Rio Branco. Na frente do local, foi encontrado óleo diesel o que indica que o incêndio pode ter sido criminoso. Deflagrada em fevereiro deste ano, a operação investiga um esquema de venda de casas populares do governo, dentro da Secretaria de Habitação (Sehab).
Ao G1, a dona de casa Simone da Silva, de 30 anos, explica que foi ouvida pela polícia durante a operação porque a casa dela estava cadastrada com outro endereço.
“Na Sehab tava que eu morava no Cadeia Velha, mas nunca morei no bairro. Então, me ligaram e fui prestar depoimento”, diz.
Simone não entra em detalhes, mas revela que após o depoimento sua vida virou um inferno e diz que chegou a ser procurada por uma pessoa da Sehab.
“Depois desse depoimento a minha vida se tornou um inferno. Não sofri ameaças, mas fui procurada porque depois que você entra nisso, não querem que você fale. O meu endereço errado devia fazer parte do esquema, usaram meu nome de má-fé”, acredita.
Ela conta que não estava no local no momento do incêndio e foi avisada por telefone. Os próprios vizinhos conseguiram controlar as chamas, antes da chegada do Corpo de Bombeiros. “Jogaram diesel por baixo da porta, foi um incêndio criminoso. Queimou minha sala inteira,” lamenta.
Em abril deste ano, durante a segunda fase da Operação Lares, quatro pessoas foram presas por envolvimento no esquema, entre elas os diretores executivo e social da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) , Daniel Gomes e Marcos Huck, respectivamente. Além da ex-terceirizada Cícera Silva e a empresária Rossandra Lima. Todos já foram soltos.
Inquérito Civil
O Ministério Público do Acre (MP-AC) já ofereceu denúncia contra 10 suspeitos de envolvimento em esquema de fraude de programas habitacionais no estado, investigados pela primeira fase da Operação Lares. Segundo o órgão, estão sendo denunciados cinco servidores da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab-AC) e outras cinco pessoas que facilitariam a comercialização dos imóveis.
Os denunciados são investigados, de acordo com o MP-AC, pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva, falsidade ideológica, prevaricação e ainda fraude processual. O órgão contabiliza que ao menos 50 casas tenham sido objetos de fraude nos conjuntos Cabreúva, Rui Lino 3, Andirá e Cidade do Povo, em Rio Branco.