O governador Tião Viana homenageou na noite desta sexta-feira, 5, o ornitólogo Johan Dalgas Frisch, responsável por um feito até então inédito, em 1962: ter sido o primeiro a gravar o canto do pássaro uirapuru, no Seringal Bagaço, distante 50 quilômetros de Rio Branco.
Frisch recebeu a Ordem da Estrela do Acre, no grau comendador, maior honraria do governo do Estado. A solenidade de entrega da medalha foi realizada na Biblioteca da Floresta, causando grande comoção em Dalgas Frisch, que compartilhou inesquecíveis histórias de sua vida.
“O Acre mudou minha vida. Foi um desafio achar o uirapuru, ficar quatro meses atravessando a Amazônia, chegar aqui e conseguir finalmente ouvi-lo. Depois, minha vida mudou. Todo mundo queria uma pena de uirapuru [por carregar uma lenda de prosperidade]. Reis, presidentes e tudo. Mas vale um sonho do uirapuru do que um decreto. E por coincidência ou não, todo mundo que tem essa pena se deu bem na vida. Mas o que vale é que, quando você está bem com o mundo, o mundo está bem com você”, conta o animado ornitólogo.
As aventuras de Dalgas Frisch após gravar o canto do uirapuru foram tamanhas que ele levou até mesmo uma das penas do pássaro para o então futuro vice-presidente dos Estados Unidos, Nelson Rockefeller, em Nova York, a pedido de Assis Chateaubriand, o “Rei do Brasil”, de quem foi amigo íntimo até a morte.
Para o governador Tião Viana, Dalgas Frisch foi responsável por um grande feito e contribuiu com ensinamentos para o Acre. “O sentido da Ordem é o reconhecimento. E nós do Norte somos acolhedores. Então quando chega um personagem com uma história como a sua, isso é muito importante para nós, porque os pássaros nos significam muito. Nosso falecido padre Paolino dizia que ‘a Amazônia é o Jardim de Deus’ e o senhor [Dalgas] nos trouxe ensinamentos dele. O Acre é sua casa”, disse.
Dalgas Frisch participou ainda da abertura do Avistar, evento voltado para a observação de pássaros, que será realizado até o dia 7 de agosto, no Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac).