De acordo com os executivos da Odebrecht, a campanha do hoje ministro das Relações Exteriores, José Serra, para a Presidência da República em 2010, recebeu cerca de R$23 milhões da empreiteira. Corrigido pela atual inflação, o valor é equivalente a R$ 34,5 milhões.
Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato e da Procuradoria Geral da República (PGR) obtiveram esta revelação na última semana, através de funcionários da empresa que tentam homologar um acordo de delação premiada. as informações são da Folha de S. Paulo.
Durante o encontro, que aconteceu na sede da Polícia Federal em Curitiba, os executivos informaram que parte do valor foi entregue no Brasil, e parte foi paga através de depósitos em contas bancárias no exterior. As conversas fazem parte de uma série de entrevistas em que os possíveis delatores da Operação Lava Jato corroboram informações que são apresentadas pelos advogados durante negociação de delação premiada. No entanto, o acordo ainda não foi assinado.
Afim de comprovar que houve o pagamento via caixa dois, a Odebrecht diz que irá apresentar extratos bancários que mostram os depósitos realizados fora do país, que tinham como destino final a campanha do então candidato à Presidência da República, José Serra.
Essa é a primeira vez que o nome do tucano é envolvido nas investigações de esquemas de corrupção na Petrobras.
Segundo a Folha de S. Paulo, os funcionários da empreiteira também relatarão propina paga aos intermediadores de José Serra no período em que ele foi governador de São Paulo, entre os anos de 2007 e 2010. Os desvios teriam sido feitos durante à construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
O trecho em questão, teve suas obras iniciadas durante o primeiro ano da gestão de Serra, e foi orçado em R$3,6 bilhões, na época.
Através de nota, o ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), afirmou que a campanha para a presidência, em 2010, foi conduzida de acordo com a legislação eleitoral em vigor à época, e que, as finanças de sua campanha foram responsabilidades do PSDB.
“A minha campanha foi conduzida na forma da lei e, no que diz respeito às finanças, era de responsabilidade do partido”, afirmou o tucano, repetindo as respostas do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e do presidente do PT, Rui Falcão, diante de acusações de caixa 2.
Sobre o suposto pagamento de propina durante seu mandato de governador do Estado de São Paulo, entre 2007 e 2010, relacionada à construção do trecho sul do Rodoanel, Serra diz considerar a acusação “absurda”.
“Até porque a empresa em questão já estava participando da obra quando assumi o governo do Estado”, informa.