A pedido do G1, o especialista em segurança Marcos do Val, analisou o vídeo que mostra o momento exato em que o cabo da Polícia Militar Alexandro Aparecido dos Santos, de 36 anos, foi baleado e morto durante uma abordagem policial. Do Val, que é instrutor da Swat, afirmou não houve erro por parte dos policiais e que a morte de Santos pode ser atribuída a uma “fatalidade”.
“Nos procedimentos de abordagens, como esse do vídeo, o nível de periculosidade é muito alto. Não vejo que foi uma abordagem errada ou um erro policial, vejo como uma tragédia, uma fatalidade, que às vezes, mesmo com treinamento, acaba acontecendo”, explicou o especialista.
O especialista falou que não viu nas imagens nenhum policial segurando a arma de forma “irresponsável” e nem fazendo alguma técnica que não seja ensinada nas instituições do Brasil.
“Alguns procedimentos foram alterados, isso é fato, mas o problema maior foi a reação daquele rapaz que não quis se deixar ser preso, abordado e revistado”, alegou.
Marcos do Val falou que no Brasil existe uma cultura de não respeitar as autoridades e que a sociedade costuma estar sempre contra a polícia. O instrutor da Swat disse ainda que o vídeo foi feito por uma pessoa que, possivelmente, estaria esperando algum erro por parte dos policias para depois acusá-los.
“Essa parte de revista é um momento muito delicado e de muito risco. As pessoas precisam entender a gravidade de pensar em reagir em um momento desses. Mesmo pelo vídeo, é possível ver a educação dos policiais. Não vi eles empurrando ou sendo grosseiros, ou dando tapas estúpidos. Vi um procedimento técnico, mão na cabeça, perna aberta, e começando a revista e nesse momento que começou a ação”, concluiu Do Val.
Entenda o caso
O cabo Alexandro Aparecido dos Santos, de 36 anos, da Polícia Militar (PM) foi morto com um tiro no pescoço durante uma abordagem a três pessoas no bairro Novo Horizonte, em Rio Branco.
Um dos homens que foi abordado reagiu à ação, iniciou uma luta com policiais, conseguiu pegar uma das armas a acabou dando um tiro que vitimou o PM.
A polícia informou que dois dos envolvidos foram presos no momento da ocorrência, incluindo o que efetuou o disparo. O terceiro homem conseguiu fugir do local. Ao reconhecer o corpo do marido no Instituto Médico Legal (IML) a mulher do cabo, Nara Aline Santos, de 25 anos, passou mal.
A Polícia Militar divulgou uma nota lamentando o ocorrido. “O governo ressalta que o policial foi morto durante o exercício da profissão e combatendo a criminalidade”, disse.
O documento diz ainda que o PM possuía conduta “ilibada” e nunca houve processo contra ele na corregedoria da instituição. “A sociedade acreana perde um defensor da ordem pública que, na condição de policial militar, lutou até o fim contra a criminalidade”, finaliza a nota.
O corpo de Santos foi conduzido em um cortejo até o Aeroporto Plácido de Castro, na manhã de terça-feira (16). Mesmo abalados, mais de 200 policiais militares acompanharam o cortejo do colega. O cabo foi levado para a cidade de Vilhena (RO), onde deve ser enterrado.