As famílias que estavam acampadas há quase três meses em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), e foram retiradas do local na segunda-feira (22) após ordem judicial, devem ser encaminhadas para o Aluguel Social. De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Social do Acre (Seds) quatro famílias já encontraram um local e estão recebendo o benefício, outras três são acompanhadas pela secretaria.
Após o despejo, as famílias levaram os móveis para a praça do Palácio Rio Branco, foram retiradas e se acomodaram em frente ao Memorial dos Autonomistas, mas não ficaram muito tempo no local e passaram a noite em um depósito cedido pela Aleac.
O secretário de Desenvolvimento Social, Gabriel Maia, explica que desde a retirada das famílias o Estado forneceu auxílio. Segundo Maia, assistentes sociais e psicólogos acompanham as famílias e a secretaria realiza um levantamento socioeconômico para avaliar a situação de vulnerabilidade de cada uma delas para buscar um encaminhamento socioassistencial.
“Algumas vão precisar do Aluguel Social por um período curto e outras por mais tempo. Estamos cumprindo a decisão judicial, avaliando cada caso. Desde à noite, a equipe fez o transporte das famílias para o espaço da Aleac e durante o dia todo fizemos e vamos continuar com o acompanhamento”, afirma.
Ordem judicial
A decisão para retirada das famílias é da juíza de Direito Zenair Ferreira Bueno, titular da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de Rio Branco.
No processo, o pedido para retirada das famílias tem o Estado do Acre como autor. Em nota, o Governo do estado afirmou, nesta segunda (22), que o pedido teria partido da Aleac. Ao G1, no entanto, o poder legislativo negou, disse que só foi notificado da ação de despejo no último dia 18 e que até se disponibilizou a guardar os móveis das famílias.
“Destino é incerto”, diz desabrigada
Josiane Braga de Oliveira, de 21 anos, faz parte de uma das famílias que acampou no hall da Aleac. Desde a manhã desta terça-feira (23), ela saiu às ruas para procurar um local que aceite receber Aluguel Social, mas destaca que teve dificuldades, pois muitos temem não receber o pagamento.
Mesmo assim, Josiane conta que encontrou uma casa, negociou com a proprietária e aguardava apenas a equipe da Seds para finalizar o acordo.
“A sala cedida pela Aleac estava limpa e tinha até ar-condicionado, mas não é isso que queremos para nossa vida, nosso destino é incerto. Podemos ficar por um tempo, mas voltar a ter problemas com o aluguel. É um risco, mas não temos opções”, lamenta.
Entenda o caso
A ocupação na Aleac começou depois que foi deflagrada a terceira fase da Operação Lares.Cansadas de esperar o sorteio no Programa Minha Casa Minha Vida, algumas dessas famílias resolveram invadir, no dia 23 de maio, casas populares no Conjunto Rui Lino e foram expulsas pela polícia.
Os invasores moravam no Beco do H, no Conjunto Esperança, e alegaram que o pagamento do aluguel social estava atrasado e por isso teriam sido despejados. Os moradores ainda fecharam o Terminal Urbano como forma de protesto.
As famílias permaneceram em frente à Aleac durante quase três meses e chegaram a fechar um trecho da Avenida Getúlio Vargas e da Rua Arlindo Porto Leal, no dia 18 de agosto, alegando medo de se tornarem alvos da onda de ataques que está ocorrendo na cidade.