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Sem atletas no Jogos Rio 2016, Acre produz talentos, mas falta apoio

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Faltam 17 dias para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. E na edição deste ano, mais uma vez, nenhum atleta acreano vai participar do maior evento do esporte mundial em busca do tão sonhado ouro olímpico. A ausência, no entanto, não é por falta de talentos, já que em modalidades que fazem parte das Olimpíadas, como vôlei, natação e handebol, o estado obtém bons resultados com regularidade.


A natação acreana já teve revelações como um vice-campeão brasileiro e um paralímpico, mas a falta de apoio interrompeu precocemente a carreira dos atletas nas piscinas. O acreano Leandro Xavier foi vice-campeão nacional juvenil em 2010, mas após a conquista precisou escolher: ou seguia como atleta ou se dedicava aos estudos. Sem apoio (patrocinador) para ser um nadador profissional, decidiu estudar e atualmente a natação é apenas para matar a saudade dos tempos de competição.


– A gente está em casa, dá aquela saudade de nadar, aí vem nada pelo clube, por amor ao esporte mesmo. É aquele sentimento de: eu podia estar lá – afirma.


O treinador de Leandro Xavier à época, Hélio Guimarães, afirma que a frustração não foi só do atleta, mas também de vários outros talentos que surgiram na modalidade. Os motivos principais são: falta de estrutura, competitividade e distância dos grandes centros esportivos.


– Num universo de mil nadadores, você vai tirar um que tem capacidade de chegar lá. Só que para isso, ele precisar estar competindo e para competir precisaria, no caso aqui do Acre, como não temos muitos, teria que ser junto com os melhores nadadores brasileiros. E geograficamente, somos muito distantes – explica.


No handebol a situação não é muito diferente. Na região Norte, o Acre é uma das forças da modalidade, mas não passa disso. Segundo o treinador Franklin Ingma, a falta de apoio para disputas nacionais e os incentivos aos atletas, distanciam os times acreanos de um nível mais elevado.


– Os atletas não são exclusivos da modalidade, são estudantes, trabalhadores, então fica muito difícil você fazer um trabalho quando se fala em alto rendimento – declara.


Outra modalidade olímpica que o estado já obteve bons resultados, o vôlei também enfrenta a mesma dificuldade e há dez anos não conquista título em nenhuma categoria.


– Estamos indo para as competições muito fracos. A gente não tem atletas. Para se fazer uma convocação de uma seleção, tem 12, 15 atletas. Antes, convocávamos 50, 30, para treinar seis meses. Hoje não treinam nem 15 dias para ir para competição – justifica José Carlos Nascimento, treinador e professor de educação física.


Segundo ele, para um atleta, independente da modalidade, tornar-se de alto rendimento, é preciso que ele se identifique com a modalidade esportiva e se apaixone por ela. Mas no estado, os incentivos são constantemente interrompidos.


– Por exemplo, Jogos Escolares. No ano passado não foi (para a fase nacional). Como esse atleta vai chegar a um alto nível se ele não vai participar de uma modalidade nacional, que é  a primeira base. Foram só os atletas paralímpicos. E os outros? Se não foi, como vai ter vontade, criar gosto de participar do esporte? Se na primeira competição de nível nacional, ele não tem como ir. Perdeu o gosto de participar, imagine do resto – critica.


Enquanto a dificuldade para apoio do esporte do Acre existir, a população vai seguir esperando que um atleta nascido na terra volte a repetir a cena do acreano Carlão, campeão olímpico com a Seleção Brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos de Barcelona (ESP), em 1992.


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