Autores de trotes para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Rio Branco podem ter que pagar multa de R$ 1 mil. Nesta quarta-feira (13), a Câmara de Vereadores da capital acreana aprovou, por unanimidade, um projeto de lei que prevê a punição.
A matéria deve seguir para sanção do prefeito Marcus Alexandre (PT-AC). Segundo o Samu, em 2015 o serviço recebeu 2.655 trotes, uma média de sete por dia.
Médica do Samu há três anos, Hialli Chaves diz que além do incômodo, os trotes trazem risco para a sociedade.
“Os trotes atrapalham o médico regulador. Porque ele pode dar prioridade ao atendimento do trote, enquanto simultaneamente pode estar ocorrendo de fato um acidente, um infarto ou um derrame e deixar de mandar alguém para esse atendimento grave, que é prioridade”, explica.
A médica salienta que embora os atendentes do Samu consigam identificar a farsa na maioria dos casos, os trotes são informados com características de ocorrências graves e podem induzir a equipe ao erro. “São muito bem ensaiados para passarem para gente”, diz.
Crianças são minoria entre os autores de falsas notificações de emergência, de acordo com a médica. “Geralmente as crianças ligam várias vezes e com um intervalo nós ligamos e avisamos a mãe que repreende e não acontece de novo, mas adultos e os jovens e passam muitos trotes”, enfatiza.
Os telefones do Samu contam com identificador de chamada e, de acordo com o projeto de lei, esses dados podem ser utilizados para responsabilizar os responsáveis pelas linhas telefônicas. Para a médica, apesar de a medida ser mais severa, pode servir para educar a população.
“Infelizmente o brasileiro segue uma linha em que é preciso ser punido para conseguir entender o correto. Foi preciso a lei seca para que não se dirigisse bêbado, mesmo sabendo que pode matar alguém. Teve que haver multa de trânsito para que as pessoas usassem cinto de segurança. Acho uma progressão triste ter que punir para que se faça o correto, mas pode sim diminuir o número de trotes”, finaliza.