A manhã deste domingo (10), foi agitada no Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco – HUERB, não pela natural demanda de paciente, mas por causa de um desentendimento entre o médico plantonista Eduardo Kenaip e o policial rodoviário federal César Henrique que teria levado a filha de 18 anos ao Hospital apresentando sangramento na cabeça devido a uma queda e o médico Eduardo Kenaip teria afirmado que somente atenderia a jovem após a confecção de ficha de prontuário.
Entenda o caso:
Segundo o policial César Henrique teria levado a filha de 18 anos, que apresentava um sangramento na cabeça em função de uma queda. Ele contou que depois que estava dentro da sala de emergência e traumas, aguardou cerca de 1 minuto e 30 segundos e a filha não era atendida, quando precisou pergunta se algum médico atenderia a filha.
Nesse momento conta o policial que o médico Eduardo Kenaip pediu que um dos estagiários atendesse a paciente e perguntou se ele(policial) poderia dirigir-se a recepção do Hospital para preencher uma ficha.
O policial rodoviário federal disse que respondeu que não, somente depois que a filha fosse atendida, pois queria ficar perto dela.
“Foi quando o médico olhou para o outro e disse para não atender minha filha e que só atendesse depois que eu trouxesse o formulário. Foi na hora que fiquei com raiva e disse que ele ia atender sim e saquei na arma e apontei para o médico Eduardo. Não apontei a arma para ninguém, só para ele mesmo. Isso porque ele mandou suspender o atendimento da minha filha até eu preencher o formulário. O que é proibido por lei”, revelou o policial.
O policial rodoviário federal disse que vai processar o médico por ter se negado à atender a filha sem que tivesse com um formulário preenchido. “Ele cometeu um crime sério. Dentro de uma emergência não se pode pedir para uma pessoa da família, que está nervosa, para sair e preencher formulário. Tudo que está acontecendo, ele vai responder”, declarou.
Já o médico relatou que o atendimento estava sendo realizado quando pediu ao policial que fosse preencher um formulário, que faz parte do procedimento para dar agilidade ao atendimento, e este teria se irritado e sacado a arma para ele e sua equipe.
“Educadamente pedi que ele preenchesse uma ficha e que aguardasse lá fora para atendermos ela com mais privacidade. E do nada ele veio para minha direção e perguntou: ‘E se eu ficar louco, agora? O que tu vai fazer? Não vai atender minha filha?’ Eu disse que a filha dele já estava sendo atendida. E nisso ele puxou a arma e apontou para mim, e depois para o resto da equipe”, afirmou Kenaip.
O médico disse ainda que em nenhum momento agiu com excesso. “A gente sabe que às vezes acontecem excessos, mas nesse caso, não houve excesso por parte da equipe médica. Era um procedimento normal para dar seguimento ao atendimento. A gente não pode esperar que ele, sendo um policial, que deveria usar da arma para nos proteger, puxe para pessoas que estão ali para ajudar. Não tem cabimento isso”, disse.
Kenaip registrou um boletim de ocorrência contra o policial rodoviário federal na Delegacia de Flagrantes – DEFLA.
Sesacre divulga Nota de Repudio contra a ação do policial rodoviário federal nas dependências do HUERB
Nota Oficial
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), vem a público lamentar a forma como atuou policial rodoviário federal, ao adentrar no Pronto Socorro do Hospital de Urgência e Emergência (Huerb) de Rio Branco, na manhã deste domingo, 10, que, com abuso de poder, tentou coagir e intimidar a equipe plantonista, empunhando uma arma de fogo, quando buscava atendimento para a filha.
A Sesacre ressalta que em nenhum momento a equipe se negou a prestar o atendimento, somente pediu que o mesmo fosse preencher o boletim de entrada com as informações da paciente, para dar continuidade ao procedimento. Contudo, o policial se negou a seguir a orientação do médico e de posse de um revolver exigiu o atendimento, causando pânico no local.
O caso está sendo apurado pela Polícia Civil, que atendeu a equipe de profissionais do Pronto Socorro. Um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) está sendo lavrado em desfavor do policial por desacato e ameaça contra servidor público no exercício da função.
Por fim, repudiamos a atitude do policial e nos solidarizamos aos profissionais da saúde, em especial aos do Huerb, onde ocorreu o episódio, que atuam com responsabilidade e ética, levando atendimento humanizado e adequado para quem necessita dos serviços no Acre.
Gemil Salim de Abreu Júnior
Secretário de Estado de Saúde do Acre
Sindicatos dos Médicos do Acre, também emite nota de solidariedade ao médico
Nota do Sindmed-AC
O Sindmed-AC está solidário com nosso colega Kenaip e repudia esse e todos os atos de agressão contra a classe médica. Já falamos com o delegado de Polícia Civil Dr. Flávio e solicitamos mais segurança para os médicos e todos os funcionários que estão exercendo suas funções no PS. Nossa indignação é extrema e daremos conhecimento às autoridades e exigimos punição ao agressor.
A Polícia Rodoviária Federal do Acre (PRF-AC) informou que vai apurar o caso e se manifestar nesta segunda-feira (11) por meio de nota.