O projeto ‘Jiu-jtsu na Escola’, da academia J.S. Nova União, de Rio Branco, existe há dois meses na escola Gloria Perez, localizada no bairro Placas. As aulas são gratuitas e ocorrem três vezes por semana, no período da manhã. Segundo o coordenador do projeto social, o amazonense Joel dos Santos, que é praticante da arte suave desde os oito anos de idade e faixa preta 3º Dan, o público-alvo são os estudantes de ensino médio. Ele buscou referências no trabalho do Mestre Nonato Machado, faixa coral, que coordena projetos sociais há 35 anos no Amazonas, trabalho que já revelou nomes como José Aldo e Jacaré e pretende “salvar” talentos dentro do ambiente escolar.
– Tivemos todo um preparo, um cuidado, com profissionais de educação física, psicopedagogia para acompanhar o psicológico deles. Visamos justamente implantar o jiu-jítsu nas escolas como matéria, como filosofia de vida, uma arte, como esporte e bem-viver. O traficante está na porta da escola, oferecendo drogas para os nossos adolescentes. Em contrapartida, temos o esporte para oferecer, uma luta também contra a violência doméstica, forjar esse caráter, tirar esse machismo da sociedade, essa violência de dentro de casa, fazer com que o adolescente respeite pai e mãe ou seus responsáveis, ter princípios e valores. Essa é a intenção desse projeto – ressaltou.
O professor Joamerson Silva é quem ministra as aulas. Ele idealizou o projeto e propôs ao mestre Joel, que abraçou a causa e destaca que o objetivo é atingir o maior número de escolas na capital acreana. Segundo Silva, o projeto será implementado em outras escolas, como o Colégio Estadual Barão do Rio Branco (CEBRB) que já tem uma turma pronta para começar, com 40 alunos e mais de 120 na fila de espera. O Instituto Socioeducativo (ISE) também é um alvo em potencial.
– Visamos algo maior. Esta escola foi só o piloto. Queremos levar essa atividade ao maior número de jovens possível. O projeto inicial teve interesse em fazer com que os alunos tivessem uma opção de esporte, em que eles possam se envolver, não só pelo lado da saúde, mas também pelo social, pelos ensinamentos, disciplina, de honra, valores, mas também visando achar prodígios, alunos que se destaquem e queiram levar isso para vida deles.
Wisna Santiago, 18 anos, pratica jiu-jítsu desde o início do projeto e conta que se apaixonou pelo esporte já no primeiro treino. Ela conta que a modalidade ajudou na disciplina com os estudos, horários e com a alimentação e já pensa em participar de competições. A estudante ressalta que inicialmente ela e a família tinham preconceito em relação ao esporte, por achar que era mais adequado aos homens, pela força física utilizada
– Quando a gente não conhece, pensa que é uma coisa bruta. As artes marciais, principalmente o jiu-jítsu, não é força, é mais jeito, técnica. Os professores nos incentivam a estudar mais, ter boas notas, não utilizar o conhecimento fora do tatame, como violência, nos manter longe dos vícios, são como pais. Desde que comecei a treinar, passei a cuidar mais da alimentação. Estava acima do peso, fora a disciplina e a concentração, que aumentaram bastante – destaca.