Quase 250 mil crianças enfrentam grave desnutrição e risco de morte no estado de Borno, nordeste da Nigéria, anunciou hoje (19) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), da Organização das Nações Unidas (ONU). A crise humanitária causada pelo grupo radical islâmico Boko Haram continua crescendo.
Na medida em que mais áreas no nordeste do país têm se tornado acessíveis à assistência humanitária, aumenta e se torna mais evidente a extensão da crise nutricional que afeta as crianças. De acordo com o Unicef, além das 244 mil crianças que sofrem de desnutrição aguda grave em Borno, aproximadamente 49 mil (quase 1 em 5) vão morrer este ano se não receberem tratamento.
“Cerca de 130 crianças vão morrer, diariamente, de causas relacionadas à desnutrição aguda, se a resposta não for ampliada rapidamente”, disse Manuel Fontaine, diretor regional do Unicef para a África Ocidental e Central.”Nós precisamos de todos os parceiros e doadores para evitar que mais crianças morram. Ninguém pode assumir uma crise dessa escala sozinho”.
Ao visitar locais recentemente acessíveis, anteriormente sob controle do Boko Haram, Manuel Fontaine afirmou ter testemunhado cidades destruídas acomodando os desabrigados, famílias com pouco acesso a saneamento adequado, água ou alimentos, e milhares de crianças frágeis que precisam desesperadamente de ajuda.
Crise
“Há 2 milhões de pessoas que ainda não são capazes de chegar ao estado de Borno, o que significa que o verdadeiro alcance desta crise ainda está para ser revelado ao mundo”, disse Fontaine. Ressaltou a existência de organizações no local fazendo um enorme trabalho, mas sem a capacidade de atingir a escala e a qualidade necessárias.
No comunicado divulgado hoje, o Unicef ressaltou o trabalho com parceiros no exame e tratamento de crianças com desnutrição e na melhora ao acesso à água e saneamento. A resposta humanitária do Unicef também inclui prestação de cuidados médicos, vacinação, educação e apoio psicológico para as crianças afetadas pela violência.
No início de 2016, o Unicef apelou por 55,5 milhões de dólares para responder à crise humanitária no nordeste da Nigéria, mas até agora recebeu apenas 23 milhões de dólares, o equivalente a 41%. Com mais áreas do país se tornando acessíveis, é provável que o apelo por mais ajuda humanitária se faça necessário.
O Boko Haram mantém atividades no nordeste da Nigéria desde 2009. No ano passado, o grupo expandiu seus ataques para Níger, Camarões e Chade. Em março de 2015, o Boko Haram firmou sua aliança com o Estado Islâmico. Com informações da Agência Brasil.