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Jovem morto com tiro em boate estava na briga, diz namorada de PF

Lavínia Melo diz que Rafael Frota estava no grupo que agrediu policial federal.
Jovem, de 25 anos, morreu com um tiro no abdômen dentro de boate no Acre.


policialfederalA estudante Lavínia Melo, namorada do policial federal Victor Campelo, que atirou dentro de uma boate em Rio Branco, afirma que o estudante Rafael Chaves Frota, de 25 anos, atingido e morto por um dos disparos, estava com o grupo que iniciou a briga. Frota morreu no último dia 2 deste mês com um tiro na barriga.


Ao G1, o pai de Frota, Gutemberg Frota, afirma que o filho não estava envolvido na briga. “Ele não foi o primeiro, mas poderá ser o último a morrer dessa forma. O Rafael não estava envolvido na confusão e eles [Polícia Federal] ainda tentaram macular a imagem do meu filho e tentar caracterizar legítima defesa. Ele [Rafael] não era santo, era normal, cheio de vida, isso não podia ter acontecido”, disse.


Lavínia, de 19 anos, estava na festa com o PF e lembra que toda a confusão teve início quando um homem esbarrou nela. Após a jovem pedir que parasse, ele a teria xingado e tentado agredi-la, mas acabou sendo impedido pelo policial. Apesar de ter ido à boate com outros três amigos, o PF estaria apenas com a namorada no momento do ocorrido.


“Esse homem acertou um murro no Victor, que caiu. Os outros que estavam na mesa foram para cima e começaram a bater nele também. O Rafael estava com eles. Ele [Vitor] puxou a arma e deu os tiros deitado. Ele não levantou e atirou, só queria afastar quem estava em cima dele”, conta.


No total, o PF disparou cinco vezes dentro da boate, incluindo o tiro que feriu a própria perna. Lavínia diz que o namorado se feriu no momento em que outra pessoa do grupo tentou desarmá-lo. “Foi uma briga de cinco contra um. O Victor estava sozinho. Ele estava todo roxo, todo quebrado. Ele agiu em legítima defesa e a justiça vai ser feita”, fala.


O irmão do policial, Rafael Campelo, de 33 anos, que também é policial federal, acrescenta que toda a ação foi em legítima defesa, devido à situação de desvantagem. Segundo Campelo, a única opção que o irmão tinha no momento era se defender com a arma de fogo, mesmo que não houvesse a intenção de causar a morte de alguém.


“Foi um linchamento. No intuito de preservar a vida, ele deu dois tiros para a esquerda, um pegou no Rafael, e dois tiros no outro, só para afastar. Rafael saiu do local, o que deu a sensação de que ele tinha sido atingido longe, mas foi um tiro de baixo para cima e de perto, que indica que ele estava debruçado para dar um soco”, defende.


O G1 procurou o Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) para comentar sobre o laudo, mas o diretor do órgão, Haley Vilas Boas, informou que toda a parte técnica já foi enviada para a Polícia Civil. O delegado Rodrigo Noll, responsável pelo caso, afirmou que só deve se pronunciar na conclusão do inquérito.


Lavínia acrescenta que, ainda no meio da confusão, o PF acabou perdendo a arma depois de levar um chute na mão. De acordo com a estudante, a briga toda durou em torno de 15 segundos. Ela ressalta que sempre saiu com o namorado a festas e ele nunca esteve envolvido em discussões.


jovem morto em boate em rio branco‘Sobrevivência falou mais alto’, diz irmão
Victor Campelo, de 23 anos, continua preso no prédio da sede da Polícia Federal em Rio Branco, conforme o irmão.


“Ele está muito deprimido, triste. Ele fala que não entrou na polícia para tirar a vida de ninguém. Não era intenção dele, mas, no momento que eles se juntaram para o espancar, o instinto de sobrevivência falou mais alto”, fala.


O irmão lamenta ainda pela dor da família de Frota. “Nem sabemos a dor que é perder um filho e sabemos que o Rafael não era assíduo naquele grupo. Infelizmente, ele foi ajudar o amigo e acabou pagando com a própria vida. Se esse grupo não tivesse entrado na balada nada teria acontecido. O problema é que ele [Rafael] estava com pessoas que arrumavam briga e acabou acontecendo isso”, acrescenta.


Lavínia diz ainda que, ao contrário do que muitos falaram nas redes sociais, a briga não ocorreu por um motivo “fútil”, já que o namorado estava correndo risco de vida. “Ele não quis matar ninguém, isso foi uma consequência. Se tem algum culpado pela morte do Rafael são os amigos dele”, finaliza.


Entenda o caso
O crime ocorreu na madrugada do dia 2 de julho. A Polícia Federal (PF-AC) informou na época que os disparos foram feitos em legítima defesa, já que Victor Campelo foi agredido por várias pessoas e caiu no chão. Um dos tiros acertou Frota, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Outro homem e o próprio policial também ficaram feridos.


Um dia depois do ocorrido, o policial federal foi encaminhado à audiência de custódia, onde a Justiça do Acre decidiu pela manutenção da prisão. O Tribunal da Justiça (TJ-AC) afirmou que o suspeito alegou legítima defesa, mas o argumento não convenceu o juiz. A PF-AC informou que Campelo está custodiado na sede do órgão.


Familiares de Frota fizeram um ato, nesta quinta-feira (21), no Centro da capital acreana para pedir justiça. O pai do jovem, Gutemberg Frota, disse que a iniciativa é uma tentativa de sensibilizar a sociedade para que crimes dessa natureza não fiquem impune.


O delegado de Polícia Civil, Rodrigo Noll, responsável pelas investigações, afirmou, nesta quarta-feira (20), que inquérito deve ser concluído até a próxima semana. Ele disse ainda que mesmo com o resultado dos laudos periciais, outros procedimentos ainda precisam ser tomados. Em seguida, o caso vai ser encaminhado ao Poder Judiciário.


“Acredito que na semana que vem o inquérito deva ser concluído. Ainda existem algumas coisas faltando e diligências para serem feitas. Mais testemunhas ainda devem ser ouvidas”, finalizou o delegado.


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