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Governo estuda intervir no mercado da castanha

1908-cotidiano-castanha_410_305A produção de castanha do Brasil no Acre está em crise. Houve queda de 61,6% na safra de 2016, comparada ao ano passado. A Cooperacre, a cooperativa que regula o preço na região, calcula que a redução teve o seguinte desenho: de 6 mil toneladas passou para 3,7 mil toneladas da amêndoa em 2015.


Mas, não é apenas a escassez do produto que tem impactado no preço. A atuação de empresários do Peru e da Bolívia tem provocado incômodo, sobretudo no incipiente parque industrial de beneficiamento da castanha na região.


O preço da lata ano passado foi comercializado (em média) a R$ 28. Os peruanos e bolivianos têm praticado o preço de R$ 59 a lata. E pagam à vista pela castanha in natura. Isso é bom para quem coleta e vende direto para os empresários estrangeiros, mas contribui para agravar a cadeia produtiva no Acre.


O Sindicato das Indústrias do Estado do Acre já prevê demissões. “Estamos calculando que em Brasileia é provável que 60 sejam demitidos e em Xapuri mais 55”, contabilizou o diretor do sindicato Valdemir Ribeiro dos Santos.


“Se continuar do jeito que está, é possível que até o fim do ano a situação se agrave ainda mais para quem trabalha nessa ponta do processo produtivo, no beneficiamento”, avaliou o presidente da Cooperacre, Manoel Monteiro de Oliveira, sem arriscar número de possíveis demitidos.


“Não se trata de uma disputa entre o produtor que coleta e o trabalhador na indústria”, compara Manoel de Oliveira. “Todas as nossas discussões têm os atores necessários sendo ouvidos, inclusive o Governo que tem conduzido o problema com muita responsabilidade”.


O Governo do Acre vai intervir. O que ainda não está definido é o tamanho dessa intervenção. Ainda na tarde desta terça-feira, a Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Cooperacre e o Sindicato das Indústrias do Estado do Acre e o Sindicato das Indústrias de Alimentos discutem o assunto.


“Nós vamos ter que pautar a castanha do Brasil aqui no Acre”, antecipou o secretário de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar, Lourival Marques. “Não se trata de fechar, de barrar o mercado, mas os bolivianos e peruanos que quiserem comprar a castanha aqui vão ter que pagar os tributos estabelecidos pela Sefaz”. É um processo similar ao que ocorre com o comércio da carne.


Projeto de Lei quer proteger indústria local


O Sindicato das Indústrias de Alimentos do Estado do Acre já elaborou uma exposição de motivos em que pontua as medidas governamentais que devem ser aplicadas com urgência. Vai apresentar o documento para o governador Tião Viana.


“O Governo do Acre tem sido sensível a tudo o que diz respeito à nossa indústria e tenho certeza de que acompanha isso com a atenção devida”, disse o presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentos, José Luiz Felício.


O sindicato quer que essa exposição de motivos referencie a criação de um projeto de lei que obrigue a que toda castanha comercializada no Acre seja beneficiada na região. “A castanha sair in natura daqui não gera emprego aqui e nem faz circular o dinheiro aqui”, defendo Felício.


Até esta quinta-feira (14), o governador Tião Viana deve ser informado das alternativas para a solução do problema.


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