Familiares de Rafael Chaves Frota, de 25 anos, morto no último dia 2, após ser atingido por um dos tiros disparados por um policial federal em uma boate de Rio Branco, fizeram um ato, nesta quinta-feira (21), no Centro da capital acreana para pedir justiça. Frota levou foi atingido na barriga por um tiro efetuado pelo policial federal Victor Manuel Fernandes Campelo, de 23 anos.
O G1 entrou tentou falar com a Polícia Federal mas, até a publicação dessa matéria não conseguiu contato. O irmão de Campelo, Rafael Campelo, diz que o PF está muito deprimido e triste. “Ele fala que não entrou na polícia para tirar a vida de ninguém. Não era a intenção dele, mas no momento que se juntaram para espancar uma pessoa o instituto de sobrevivência falou mais alto. Lamentamos e entendemos a dor da família”, conta.
O pai de Frota, Gutemberg Frota, explica que o ato é uma tentativa de sensibilizar a sociedade para que crimes como esse não fiquem impunes. “Ele não foi o primeiro, mas poderá ser o último a morrrer dessa forma. Queremos justiça, queremos saber onde estão os outros policiais que estavam com o policial que matou meu filho”, fala.
Gutemberg relata que teve acesso ao laudo pericial e que o documento afirma que o filho estava em uma distância de dois a quatro metros da confusão.
“Eles estavam em um grupo de cinco. Teve um policial que saiu de dentro da boate com a arma do crime, quero saber porque que não apresentam esses outros policiais. O Rafael não estava envolvido na confusão e eles [Polícia Federal] ainda tentaram macular a imagem do meu filho e tentar caracterizar legítima defesa”, reclama.
Em prantos, Gutemberg diz ainda que o filho era um jovem cheio de vida. “Ele não era santo, era normal, cheio de vida, isso não podia ter acontecido com ele”.
Ao G1, O delegado de Polícia Civil, Rodrigo Noll, responsável pelas investigações, afirmou, nesta quarta-feira (20), que mesmo com o resultado dos laudos periciais, outros procedimentos ainda precisam ser tomados. Em seguida, o caso vai ser encaminhado ao Poder Judiciário.
“Acredito que na semana que vem o inquérito deva ser concluído. Ainda existem algumas coisas faltando e diligências para serem feitas. Mais testemunhas ainda devem ser ouvidas”, acrescenta o delegado.
Entenda o caso
O crime ocorreu na madrugada do dia 2 de julho, após uma confusão em uma boate. Segundo testemunhas, a namorada do policial federal teria sido assediada por um homem que a ofendeu após a negativa da garota. O policial federal teria ido tirar satisfação com o homem quando começou uma briga generalizada.
A Polícia Federal (PF-AC) informou na época que os disparos foram feitos em legítima defesa, já que Victor Campelo foi agredido por várias pessoas e caiu no chão. Um dos tiros acertou Frota, que chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Outro homem e o próprio policial também ficaram feridos.
Um dia depois do ocorrido, o policial federal foi encaminhado à audiência de custódia, onde a Justiça do Acre decidiu pela manutenção da prisão. O Tribunal da Justiça (TJ-AC) afirmou que o suspeito alegou legítima defesa, mas o argumento não convenceu o juiz. A PF-AC informou que Campelo está custodiado na sede do órgão.
Campelo ocupa o cargo de agente na PF há menos de um ano. Segundo o edital do concurso, ele passou no exame em julho de 2015 e depois foi chamado para o curso de formação.