Inconsolável com a morte do filho, Rafael Chaves Frota, de 25 anos, morto com um tiro na madrugada de sábado (2) em uma boate de Rio Branco, a educadora física Alcineide Chaves, de 51 anos, diz que teve a família destruída pelo policial federal Victor Manoel Fernandes Campelo, de 23 anos, apontado no boletim de ocorrência como autor do disparo que matou Frota.
Dos quatro disparos dados pelo policial dentro da boate um atingiu Frota, que não resistiu. De acordo com a Polícia Federal, o policial teria sido agredido e, depois de cair no chão, sacou a arma e atirou, atingindo Frota. Um vídeo mostra o momento exato dos disparos dentro da boate.
“Ele destruiu uma família. Inclusive a dele, porque os pais devem estar se sentido muito mal. Ele foi preparado para servir, para cuidar de vidas e não tirar. Fico muito triste com isso. Tirou a vida de um inocente que não tinha nada com a ver com a confusão, meu filho não estava metido na briga. Não tenho ódio e nem raiva, porque não conservo isso no meu coração. Sinto apenas pena dele”, desabafa a mãe.
Ainda de acordo com Alcineide, a prisão do policial, mantida pela Justiça do Acre no domingo (3), é mais do que justa. O PF teria alegado legítima defesa, mas, não convenceu o juiz, que decidiu pela manutenção da prisão. “Acho muito justo porque queira ou não ele tirou a vida do meu filho. Foi irresponsável por entrar em uma boate bebendo com uma arma”, critica.
A educadora fala que nada pode trazer o filho de volta, mas a prisão do policial traz um pouco de alívio no momento de tanta tristeza. “Isso é bom [prisão] para que os policiais que andam armados e bebem saberem que estão propícios a isso. Eles [policiais] acham que podem entrar nos locais que é feito para se divertir portando armas sabendo que vão beber. Disso tudo, só sobrou minha dor de perder meu filho querido”, conclui.
O estudante foi enterrado na tarde de domingo no Cemitério Jardim da Saudade.
Homem baleado recebe alta
Tanto o policial, quanto outro homem, que havia sido atingido por ao menos um dos disparos, tiveram alta neste domingo (3), segundo o diretor do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco, Fabrício Lemos. Segundo a Polícia Civil, o homem teria sido atingido no peito.
Confusão em boate
De acordo com o boletim de ocorrência, registrado por policiais do 1º Batalhão da Polícia Militar (BPM), Victor Campelo teria disparado quatro vezes no local. Além de Rafael Frota, um homem de 32 anos foi atingindo na região do tórax e em uma das coxas. As três pessoas feridas,incluindo o policial federal, foram levadas para o Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb). O estudante Rafael Chaves Frota foi atingido na barriga e acabou não resistindo aos ferimento e morreu ao chegar no Huerb.
Uma pessoa que estava no local, que não quis ter o nome revelado, contou que a briga teria começado após um homem, que estava com outros dois, dar em cima de uma mulher
“Três caras estavam na boate, um deles deu em cima da menina. Ela o ‘cortou’ e ele a xingou. Ela contou ao policial, que foi tirar satisfação. Os três caras foram para cima do policial, que caiu no chão e começou a atirar. O rapaz que morreu não tinha nada a ver com a história”, relatou.
O G1 tentou ouvir a jovem que estava com o policial federal na boate, mas foi informado que ela só se pronunciaria com a liberação do advogado.
Veja a nota da Políca Federal sobre o caso
“A Polícia Federal vem a público esclarecer sobre incidente em casa noturna ocorrido no dia 02/07/2016. Inicialmente, confirma a presença de um policial federal no incidente e informa que já instaurou, com a Polícia Civil, todos os procedimentos legais para investigar as circunstâncias dos fatos. O policial federal está no hospital tratando de ferimentos causados por disparo de arma de fogo e das escoriações de possíveis agressões e está à disposição da Justiça”.