Muitas vezes, deixar de lado os cuidados com o diabetes pode prejudicar a saúde e trazer consequências irreversíveis ao corpo. Uma delas é a amputação de membros inferiores decorrente das úlceras do pé diabético. A Federação Internacional de Diabetes (FID) estima que a cada 20 segundos uma amputação aconteça no mundo por esse motivo.
Infecções ou problemas na circulação nos membros inferiores estão entre as complicações mais comuns em quem tem diabetes mal controlado. Quando as taxas de glicose permanecem altas durante muitos anos, a pessoa pode desenvolver o pé diabético. O problema é caracterizado por formigamentos nas pernas, perda da sensibilidade local, dores, queimação nos pés e nas pernas, sensação de agulhadas, dormência, além de fraqueza nos membros inferiores.
Os sintomas podem piorar à noite, ao deitar. Geralmente, os sinais são negligenciados pelo paciente até o estágio avançado, em que aparecem feridas difíceis de serem tratadas devido aos problemas de circulação característicos do diabetes.
“Muitos pacientes convivem com feridas no pé por anos, o que prejudica a qualidade de vida deles e pode causar sérias infecções. Para evitar o desenvolvimento do problema até o estágio mais avançado, em que é necessário amputar o membro para que a infecção não se propague em outros tecidos saudáveis do corpo, é necessária uma intervenção de múltiplos especialistas. A ferida do pé diabético deve ser analisada em conjunto com o infectologista, que vai cuidar da infecção; endocrinologista, que vai controlar o diabetes; o vascular, para melhorar a circulação no local; o estomaterapeuta, que é especialista em curativos”, explica o infectologista e chefe do Centro de Tratamento de Feridas da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Ivan Marinho.
Novas técnicas de tratamento também podem ser recomendadas pelos especialistas para ajudar no processo de cicatrização da ferida, como a oxigenoterapia hiperbárica. Trata-se de uma modalidade terapêutica em que o paciente é submetido a uma pressão atmosférica aumentada, enquanto respira oxigênio 100% puro no interior de uma câmara hiperbárica. “Esse oxigênio atua de forma eficaz no tratamento das feridas, pois inibe a produção de toxinas e bactérias, potencializa o efeito dos antibióticos e agiliza o processo de cicatrização”, detalha.
Ainda de acordo com o especialista, se diagnosticado em fase inicial, o pé diabético tem uma grande chance de recuperação. “Porém, o melhor tratamento ainda é prevenção. Os pacientes diabéticos devem consultar o endocrinologista periodicamente, realizar os exames solicitados pelo médico, manter a dieta adequada e praticar exercícios físicos. Caso tenha qualquer problema com o pé, como espinhas ou picadas de insetos, avise o médico. Nos estágios mais avançados, o problema é irreversível e até mesmo a vida do paciente pode ficar em risco”, alerta Marinho.