O Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A votação foi definida às 6h desta quinta-feira (12).
A decisão fará com que Dilma seja afastada da presidência pelo prazo máximo de 180 dias. Na manhã desta quinta (12), a presidente recebeu a notificação do afastamento. O senador Vicentino Alves é o responsável por entregar pessoalmente o documento do processo aceite pelo Senado.
Após ser intimada a deixar a presidência da República, Dilma fez um pronunciamento no Palácio do Planalto. Os ministros de Dilma Rousseff foram exonerados nesta quinta e acompanham o discurso da petista.
Durante o pronunciamento, Dilma anunciou que foi aberto pelo Senado Federal e determinada a suspensão do seu mandato.
“Eu fui eleita presidente por 54 milhões de cidadãos brasileiros”, frizou Dilma.
Segundo a presidente, o que está em jogo no processo de impeachment é também o respeito às urnas, à Constituição e à democracia do país.
Dilma recordou que o processo de impeachment se refere ao futuro do país, aos programas sociais e as conquistas do governo do PT, e não apenas a sua pessoa.
A petista disse durante o seu discurso que denuncia o golpe. Dilma ressaltou ainda que a oposição tenta desde as eleições acabar com o seu mandato.
Dilma ressaltou que é honesta e inocente e denunciou que o “golpe” é uma injustiça irreparável. A presidente ainda reforçou que nunca aceitou chantagens e que, embora tenha cometidos erros, nunca cometeu crimes.
Durante o pronunciamento, Dilma Rousseff também afirmou que o golpe não visa apenas destituí-la, mas sim impedir a execução do programa que foi escolhido pela população brasileira nas eleições presidenciais.
“O golpe acaba com a democracia e com as conquistas que a população alcançou”, completou Dilma.
A petista frizou que já sofreu a dor da tortura, a dor da doença e agora sofre a dor da injustiça. Além disso, a presidente afastada declarou ainda que se orgulha de ser a primeira mulher presidente eleite do Brasil e disse que honrou os votos que recebeu. Dilma afirmou que irá lutar com todos os meios legais para que consiga exercer o seu mandato até 2018.
“A luta pela democracia não tem data para terminar”, declarou a presidente. “A democracia é o lado certo da história. Jamais vou desistir de lutar”, finalizou.
Após as declarações, Dilma deixou o Palácio do Planalto, rodeada pela imprensa, saindo pela porta do andar térreo e passando pelos manifestantes. Dilma decidiu sair por baixo da rampa do Planalto.
Manifestantes pró-Dilma que estão no Palácio gritam “Dilma guerreira do povo brasileiro” e “Fora Temer”. Cercada pelos seus aliados, Dilma passou próximo aos manifestantes e recebeu o apoio de quem é contra o impeachment.
Lula está ao lado de Dilma caminhando próximo à multidão que se encontra no Palácio do Planalto.
Próxima aos manifestantes, Dilma também discursou. A presidente afastada explicou que chama o processo de “golpe” porque o impeachment sem crime de responsabilidade é um golpe. Segundo Dilma, o processo é uma “grande injustiça” daqueles que não conseguiram chegar ao governo pelo voto direto do povo. “Aqueles que perderam as eleições tentam pela força chegar ao poder”, ressaltou.
A presidente ainda argumentou que os atos dos quais é acusada são atos que todos os presidentes cometeram nas suas gestões e que não se configuram crime de responsabilidade fiscal.
Dilma acusou Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de ter agido por vingança ao aceitar o processo de impeachment. Ela ainda disse que não aceitou as chantagens do peemedebista e, por isso, Cunha agiu por vingança para retirá-la do poder.
No discurso ao lado de fora do Planalto, Dilma voltou a dizer que sofre a “dor da injustiça” e a “dor da traição”. “São – talvez – as mais terríveis palavras que recaem sobre uma pessoa”, considerou Dilma.
“Eu estou pronta para resistir por todos os meios legais. Quero dizer a vocês que eu lutei a minha vida inteira e vou continuar lutando. Acredito que nós todos temos de estar juntos. E agradeço a todos os movimentos e a todas as pessoas que foram para as ruas nos últimos dias dizer não ao golpe”.
“Nós somos aqueles que sabem lutar, que sabem resistir e que não desistem nunca”, afirmou a presidente, destacando que hoje é um dia “muito triste”.