Após ser expulso de 13 casas populares no Conjunto Rui Lino, em Rio Branco, na tarde desta segunda-feira (23), um grupo de famílias resolveu levar os móveis para fechar a entrada do Terminal Urbano, no Centro da capital acreana. Os manifestantes reclamam que foram despejados por atrasos no pagamento de aluguel social e cobram por moradia.
As casas que os manifestantes haviam invadido foram desocupadas por ordem judicial durante a terceira fase da Operação Lares. Durante o último final de semana e até a manhã desta segunda, o grupo, que seria composto por aproximadamente 25 famílias, invadiu as casas. A Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) nega que os pagamentos dos contratos de aluguel social estejam atrasados.
“Nosso Aluguel Social está atrasado, eles não pagaram e fui despejada ontem [domingo, 22], por isso invadimos o Rui Lino. Agora, o delegado tirou todos de dentro das casas. Viemos para o Terminal e não temos para onde ir. Só vamos sair daqui para as nossas casas”, disse a desempregada Maria Aparecida.
O protesto, todavia, não atraiu a solidariedade de todos. Houve discussão entre usuários do transporte público, insatisfeitos com o bloqueio, e manifestantes.
“Não temos culpa da manifestação deles, só queremos ir para casa”, destaca o zelador Casimiro Borges. O cabeleireiro Aroldo André também reclamou. “Sou um trabalhador, saio essa hora do trabalho e só quero ir para casa. Eu moro na Cidade do Povo, é longe”, reclamou.
O trânsito ficou praticamente parado e filas de ônibus se formaram em frente ao Terminal. A polícia conversou com os manifestantes e depois de muita negociação eles concordaram em abrir uma das plataformas. O engarrafamento diminuiu mas o tumulto ainda causou transtornos.
“A gente liberar uma pista seria no mínimo coerente para as pessoas que precisam ir para a faculdade ou voltar para suas casas. Liberamos uma pista, mas o protesto continua. Não é aceitável que continuem humilhando as pessoas, pois o que vemos são humilhações. As famílias precisam trazer suas crianças para dormir no Terminal porque não têm casa”, finaliza o manifestante Fernando Souza.
Operação Lares
A terceira fase da Operação Lares foi deflagrada em 12 de maio e cumpriu 74 ordens judiciais em conjuntos habitacionais em Rio Branco – 37 conduções coercitivas de pessoas beneficiadas em esquema de casas populares, bem como 37 medidas cautelares de afastamento do imóvel.
No final de abril, dois diretores da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) foram presos, além de uma empresária e uma ex-funcionária terceirizada do órgão. O ex-diretor social Marcos Huck, teve, segundo o advogado dele, Armyson Lee, um pedido de liberdade provisória acolhido pela 2ª Vara Criminal de Rio Branco no dia 9 de maio.
A operação identificou ainda a venda de 40 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida. Os indiciados devem responder por falsidade documental, corrupção ativa e passiva, além do crime de organização criminosa.