A delação do ex-deputado Pedro Corrêa ainda aguarda homologação pelo Supremo Tribunal Federal. O depoimento de Corrêa ao Ministério Público resultou em 132 páginas.
A revista Veja destaca que Pedro Corrêa, o primeiro político a se apresentar ao MP para contar o que sabe em troca de redução de pena, tem confessado alguns crimes desde que começou a negociar um acordo de delação premiada.
Corrêa contou detalhes da primeira vez que embolsou propina por contratos no extinto Inamps, na década de 70, até ser preso e condenado a vinte anos e sete meses de cadeia por envolvimento no petrolão, em 2015. O ex-deputado ainda confessou ter recebido dinheiro desviado de quase vinte órgãos do governo. A reportagem revela que foram de bancos a ministérios, de estatais a agências reguladoras – um inventário de quase quarenta anos de corrupção.
A publicação teve acesso aos 72 anexos da delação do deputado federal que teve sete mandatos. Nos depoimentos, Corrêa especifica esquemas de corrupção que remontam aos governos militares, à breve gestão de Fernando Collor, passando por Fernando Henrique Cardoso, até chegar ao governo petista. O ex-deputado diz que senadores, deputados, governadores, ex-governadores, ministros e ex-ministros dos mais variados partidos e até integrantes do Tribunal de Contas da União já receberam propina.
A revista Veja revela que segundo Corrêa, o ex-presidente Lula gerenciou pessoalmente o esquema de corrupção da Petrobras – da indicação dos diretores corruptos da estatal à divisão do dinheiro desviado entre os políticos e os partidos. Segundo o ex-deputado, Lula tratou com os caciques do PP sobre a farra nos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras, comandada por Paulo Roberto Costa, o Paulinho.
De acordo com a reportagem, quando parlamentares do PP se rebelaram contra o avanço do PMDB nos contratos da diretoria de Paulinho, um grupo foi ao Palácio do Planalto reclamar com Lula da “invasão”. Corrêa disse que Lula passou uma descompostura nos deputados dizendo que eles “estavam com as burras cheias de dinheiro” e que a diretoria era “muito grande” e tinha de “atender os outros aliados, pois o orçamento” era “muito grande” e a diretoria era “capaz de atender todo mundo”.
Corrêa disse ainda que os caciques pepistas se conformaram quando Lula garantiu que “a maior parte das comissões seria do PP, dono da indicação do Paulinho”.
Ainda em depoimento, que aguarda homologação do STF, o delator citou nomes e revelou os métodos de corrupção. Côrrea detalhou como era tratada a partilha de cargos no governo do ex-presidente Lula e descreveu episódios, conversas e combinações sobre pagamentos de propina dentro do Palácio do Planalto.