O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou, na sexta-feira (8), as delações premiadas feitas por executivos da construtora Andrade Gutierrez, em que o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) foram citados como destinatários de dinheiro oriundo de propina, embora doado de forma legal. “Ontem fiquei pensando: essa delação premiada está me cheirando ao ‘Big Brother'”, disse o petista, em alusão a quadro dentro do programa televisivo da Rede Globo em que os vencedores da casa fazem a festa no cofre.
Para Lula, o dinheiro onde os partidos vão arrecar dinheiro só se torna “estragado” se o PT por as mãos nele. “Essa empresa (Andrade Gutierrez) é de Minas (Gerais) e sabidamente é muito ligada aos tucanos”, disse. “Eu fiquei pasmo, porque na hora em que aparece na imprensa, não aparece tucano.”
Segundo o UOL, o ex-presidente falou ironicamente, que os petistas precisarão aprender onde e como os políticos do PSDB vão se financiar: “Quando (o PT) for pegar dinheiro, manda o nosso pessoal seguir um tucano e vai atrás dele, porque acho que ele vai na sacristia, vai lá no dízimo”. “O PT precisa aprender a ir só no cofre limpo, bom.”
No evento organizado por entidades e sindicatos da educação e professores da rede pública e estudantes secundaristas, em São Paulo, Lula negou mais uma vez envolvimento em casos de corrupção e a posse do sítio que usa em Atibaia (SP) e de um tríplex em Guarujá (SP), propriedades que o Ministério Público acredita serem dele. “Ao final (das investigações conduzidas na Operação Lava Jato), vou querer só essa palavrinha: desculpa.”
Lula diz que não tem orgulho de não possuir diploma universitário, entretanto frisou que ele e seu vice-presidente da República nos dois mandatos, o empresário José Alencar, que também não teve diploma universitário, vão “entrar para a história como o governo que mais fez universidades nesse país”. O petista afirmou ter feito uma profunda “revolução social sem dar um único tiro, só dando o tratamento adequado ao andar de baixo”.
Ele temrinou seu discurso convocando os presentes para a luta “contra o golpe” e declarou que não vai recuar. “Não há hipótese de eu ficar quieto nesse país, a não ser na morte. E todo mundo um dia morre. Ninguém vai me fazer abaixar a cabeça.”