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Impeachment prevê barrar Lava Jato e blindar Cunha, Temer e Aécio

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Após a decisão de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff que foi votado na Câmara dos Deputados no último domingo (17) surgem os possíveis “conchavos” por trás do “acordão” do impeachment.


A reportagem da Gazeta do Povo recorda que o jornal espanhol El País frizou que “o temido efeito colateral do impeachment (…) já está em curso”. O diário considera que os aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já trabalham para retribuir a ele a aprovação do impeachment. A proposta seria livrar o peemedebista do processo no Conselho de Ética da Casa.


A publicação refere ainda que o o grupo aliado de Cunha teme que ele seja cassado e perca o foro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde está sendo processado por corrupção. “Se isso acontecer, ele perderia o direito ao foro privilegiado, e poderia ser julgado pelo implacável juiz federal Sérgio Moro”, informou o El País.


Deputados do PMDB confirmaram a tendência ao jornal espanhol. “O juízo da casa é um juízo político, de conveniência e oportunidade”, afirma o deputado paranaense Osmar Serraglio (PMDB-PR), para quem o processo no Conselho “não vai dar em nada, uma vez que o Cunha tem maioria lá”.


Essa visão não é diferente em partidos que não poiam Dilma nem Temer. “Está se confirmando o que nós já sabíamos, é uma grande farsa, eu não ficaria nem um pouco surpreso se ele fosse anistiado pelo Conselho de Ética ”, afirmou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).


Lava Jato


Além disso, há a discussão de que exista uma pressão sobre o Ministério Público com a intenção de barrar a Operação Lava Jato. Os maiores beneficiários com o esfriamento da ofensiva do MP e da Polícia Federal seriam o vice-presidente Michel Temer – que assumirá a Presidência caso o Senado confirme o impeachment de Dilma – e Áecio Neves, presidente do PSDB e encarregado de buscar apoio para sustentação do novo governo.


Temer e Aécio foram citados na Lava Jato, mas o processo depende do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que é quem tem a responsabilidade de denunciar ou não os dois políticos ao STF.


No entanto, o PSDB nega que esteja atuando para frear a Lava Jato e proteger envolvidos. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, tucanos declararam que entre as condições impostas pelo partido para dar apoio a um eventual governo Temer está a continuidade da Lava Jato. “Nada justifica o arrefecimento das investigações”, disse um dirigente tucano. O “combate à corrupção” também estaria entre as propostas.


O vice-presidente Michel Temer também nega que vá “abafar” as investigações da força-tarefa, segundo relatou Rodrigo Rocha Loures, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp em reportagem de O Estado de S. Paulo. Loures participou de almoço a porta fechadas com Temer e conselheiros do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) no último dia 31 de março.


Fim da Operação


O juiz Sergio Moro estaria com pressa para acabar rapidamente com a Lava Jato logo após o impeachment. A Gazeta do Povo destaca que isso causou preocupação em setores que querem investigação mais rigorosa dos políticos que até então estavam na oposição e foram citados.


Os governistas avaliam que não faltam acusações de que um eventual governo Temer teria como um dos principais focos “apagar” a Lava Jato e salvar os acusados dos partidos que comporão a nova base de apoio ao governo. Segundo petistas, a maior operação de combate à corrupção — com 155 mandados de prisão e mais de 50 políticos investigados — iria ficar suspensa, sendo punidos apenas, entre os acusados ligados a partidos políticos, o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto, ambos do PT.


Rui Falcão (PT) destaca que abafar a Lava Jato está entre “os motivos sinistros” para derrubar Dilma.


“O acordo com Temer é para salvar o Eduardo Cunha”, acusa a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).


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