O senador Aécio Neves (PSDB-MG), um dos principais líderes da oposição, afirmou que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) só terá êxito, em um eventual governo, se não forem repetidas práticas “equivocadas” da gestão da presidente Dilma Rousseff.
“Se o Temer cometer o equívoco, e espero que não cometa, de repetir esse modus operandi de distribuir ministérios para formar o governo, ele vai fracassar”, afirmou Aécio, durante um seminário em Lisboa.
O tucano disse que o PSDB se afastará de um eventual governo de transição se houver um movimento na direção da distribuição de cargos, segundo informações da Folha de S.Paulo.
“Nós estamos dispostos a nos envolver, pela emergência da crise, e eu estive com o vice-presidente há menos de duas semanas e disse isso a ele. Mas a nossa conversa não é em torno de cargo, é em torno de um projeto”, afirmou o senador, que também é presidente do PSDB.
Segundo o tucano, seu partido se afastará de um eventual governo de transição caso perceba um movimento na direção da distribuição de cargos.
No entanto, a respeito do loteamento de cargos em troca de apoio político, Aécio afirmou que essa mercantilização sempre houve no passado, porém atingiu níveis vergonhosos no atual governo.
“São ministérios, cargos públicos, direção de estatais, coisas que mexem com a vida das pessoas, distribuídas como se fossem bananas na feira livre”, afirmou.
Ao ser questionado sobre a melhor solução para a crise política, Aécio se diz favorável a novas eleições, mas “optou por apoiar o impeachment” diante do agravamento da crise.
De acordo com a publicação, o líder do PSDB também comentou as denúncias contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) – réu na Lava Jato -, e a sua permanência no cargo. Segundo ele, “esse é um problema que o PMDB e o Michel Temer” terão de resolver.
“Esse é um bom ponto. As pessoas querem o afastamento da presidente e nós concordamos com isso, porque ela não tem mais condições de governar. Mas no dia seguinte será difícil quando as pessoas começarem a perceber que algumas lideranças políticas que foram sócias durante 14 anos disso aí (a gestão petista) estarão governando o Brasil”, afirmou.