Jacob Melo afirma que gastou até R$ 60 com comida para detento.
Sindicato nacional diz que Ministério da Justiça fez corte de R$ 133 milhões.
Em uma carta endereçada ao Ministério da Justiça publicada nesta terça-feira (29) no site da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), os delegados federais pedem explicações do ministério a respeito de corte de recursos no valor de R$ 133 milhões.
No Acre, o sindicato da categoria alega que ações realizadas pela Polícia Federal (PF-AC) devem ser suspensas e até canceladas por causa da falta de recursos.
Ao G1 a assessoria do Ministério da Justiça informou que o ministro foi consultado sobre o assunto, mas ainda não encaminhou nenhuma declaração sobre o caso.
No Acre, o delegado Jacob Melo lamenta a situação atual das unidades. Ele relata que falta até comida para os detentos e que já chegou a gastar R$ 60 do próprio bolso comprando alimentos para um deles.
“Existem unidades em que o delegado que fica durante o dia paga a comida do preso. Para alimentar um preso já gastei R$ 60 em três dias. Também tenho minha família para alimentar. Além disso, não há dinheiro para novas ações ou investimentos”, disse.
‘Falta até água’
O delegado conta ainda que faltam móveis nos locais em que trabalham e que não há recursos para pagarem a conta de energia, por isso, desligam as luzes do corredor e até o ar-condicionado para racionar.
“Já faz tempo que sentimos isso, a cada ano o ministério retira mais recursos da Polícia Federal. Isso está acabando com nossas condições de fazer qualquer operação. Cada vez o efetivo policial é menor e agora sofremos esse corte orçamentário. Não temos cadeiras, nem agentes e vivemos de doações de móveis de outros órgãos. Falta até água às vezes”, conta.
Ações devem ser paralisadas
Na carta, o sindicato destaca que projetos estratégicos para a segurança com o Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant) e o Centro Integrado de Inteligência Policial e Análises Estratégicas (Cintepol) já estão em processo de descontinuidade por falta de recursos.
No Acre, Melo relata que faltam viaturas e agentes para investigações realizadas no estado. Com o corte, ele destaca que algumas ações devem ser paralisadas.
“Todas as operações em geral estão sofrendo. Como o recurso já está curto nós temos que tirar de onde não tem. Tenho várias investigações que estão paradas por falta de agentes e recursos. A situação é preocupante e mesmo com pouco recurso, ainda conseguimos fazer o trabalho que fazemos”, finaliza.